

Redes digitais: um mundo para os amadores. Novas relações entre mediadores, mediações e midiatizações
de receptores mais ou menos conhecidos, através de um dispo-
sitivo acessível a todos. Podem-se caracterizar assim os vídeos
que circulam nos sites de compartilhamento e são encaminha-
dos aos próximos.
Os internautas que recolhem as informações as publi-
cam frequentemente de modo simultâneo em diversos suportes.
Jornal
online
e blog articulam-se: o primeiro oferece uma visi-
bilidade mais intensa (mas nem todos os artigos enviados são
publicados), enquanto que o segundo, se não requer que se pas-
se por um processo de seleção, será, no entanto, mais restrito.
O blog permite, mais facilmente que a imprensa
online
, utilizar
registros de intervenção que mesclam a experiência privada e a
experiência pública. Ele privilegia menos o argumento racional
e mais a emoção, a história pessoal ou simplesmente um ângulo
de análise desconhecido. Esse modo de expressão adequou-se
bastante aos casos em que o público é, por definição, restrito. O
autor não pretende obter uma forte visibilidade, porém pode, às
vezes, antes de ser seguido por outros internautas ou listado nos
blogrolls
(lista de blogs preferidos), deslocar-se de um espaço
quase privado para entrar no espaço público, quase por inad-
vertência. Assim, o blog comum – que é necessário distinguir da-
quele dos blogueiros famosos – é um meio de comunicação que
convém à expressão êxtima de uma opinião.
4.3 As diferentes formas do debate público
O registro do discurso do espaço êxtimo é o da expres-
são e da emoção. Os pontos de vista muitas vezes contraditórios
se multiplicam aí. Como disse um sociólogo canadense, trata-
-se de “monólogos interativos”
28
. Quando há um debate, ele fica
limitado, surgindo na conversação de pequenos grupos. Se há
frequentemente uma grande riqueza nos relatos, as opiniões
são dispersas e os pequenos espaços êxtimos se justapõem sem
jamais se encontrar. Essa fragmentação é reforçada pelo fato de
que as identidades dos internautas são imprecisas e móveis. Não
apenas os interlocutores utilizam pseudônimos e criam uma
28 DUMOULIN, Michael. Les forums électroniques: délibératifs et démocratiques?
In: MOLIERE, Denis.
Internet et la démocratie:
Les usages politiques d’Inter-
net en France, au Canada et aux États-Unis. Montréal: Monière et Wollank Édi-
teurs, 2002, p. 56.