Redes digitais: um mundo para os amadores.
Novas relações entre mediadores,
mediações e midiatizações
pressão pública na internet se destina a públicos muito diversos,
conhecidos ou desconhecidos, fechados ou abertos, etc. De outro
lado, os modos de expressão são múltiplos” (FLICHY, 2010, p. 44,
tradução nossa), já que a internet possibilita uma fusão entre os
dispositivos de informação, de interação social e de comunicação
social. É nesse contexto de expressão acessível, pública e múltipla
que desponta a figura do “amador”.
3 A cultura do “leigo-amador” e o fenômeno
religioso contemporâneo
A internet, pela sua facilidade de acesso e de uso, e pela
expansão do alcance e da abrangência das interações sociais, dá
um poder de “palavra pública” àqueles que não têm acesso aos
aparatos tradicionais. Diante dessas possibilidades, emerge uma
figura que Flichy (2010) chama de “amador”. “O amador se man-
tém a meio caminho entre o homem ordinário e o profissional,
entre o profano e o virtuoso, entre o ignorante e o sábio, entre o
cidadão e o homem político” (FLICHY, 2010, p. 11, tradução nos-
sa). Ou seja, é alguém que pode não dominar totalmente as prá-
ticas e os saberes relacionados com o processo de digitalização,
mas que se manifesta como uma hibridação entre o “leigo no
assunto” e o “especialista-autoridade”, gerando sentidos sociais
a partir de sua prática discursiva e simbólica digital.
Por sua relevância no cenário da midiatização digital,
os amadores “se encontram hoje no coração do dispositivo de
comunicação” (FLICHY, 2010, p. 7, tradução nossa). Embora,
muitas vezes, não tenham competências precisas nem diplomas
particulares, a sua palavra se tornou onipresente, ubíqua. Isso
porque, em nível comunicacional, o ferramentário disponível ao
amador hoje para a produção e a transmissão de informações
é muito acessível e muito próximo ao dos profissionais. Diante
da facilidade de acesso e de uso dos aparatos de comunicação
digitais e de suas potencialidades no tecido social, manifesta-se
um “processo de democratização das competências que está no
coração da atividade amadora”, em que especialistas e amadores
cooperam em “uma construção comum [...] dos saberes-fazeres”
(FLICHY, 2010, p. 79, tradução nossa). Graças à maior acessibili-