Redes digitais: um mundo para os amadores.
Novas relações entre mediadores,
mediações e midiatizações
Amidiatização, portanto, constitui e é constituída pelas
“mediações comunicacionais da cultura” (MARTÍN-BARBERO,
2009, p. 152), sendo, portanto, “a principal mediação de todos
os processos sociais” (BRAGA, 2012, p. 51). Trata-se de um me-
taprocesso, segundo Krotz (2007). Para o autor, metaprocessos
são “construtos que descrevem e explicam teoricamente di-
mensões e níveis econômicos, sociais e culturais específicos de
mudança real” (p. 257, tradução nossa), ou seja, processos que
duram por séculos, que não se sabe exatamente quando come-
çam ou terminam, e que não estão necessariamente confinados
a determinada região ou cultura. A midiatização, assim, pode ser
entendida como um metaprocesso comunicacional de transfor-
mação sociocultural, produzido por (e, ao mesmo tempo, pro-
dutor de) processos midiáticos, que possibilitam e organizam a
construção de sentido e a interação social entre indivíduos, em
instituições e grupos sociais, entre instituições e grupos sociais,
e na sociedade em geral.
Com o desdobramento de novos usos e práticas sociais
a partir do desenvolvimento das redes digitais, a midiatização vai
ganhando outros contornos. A digitalização facilita o acesso e o
uso por parte da sociedade dosmeios de acesso, produção e trans-
missão de informações, e expande o alcance e a abrangência dos
meios de interação social. Portanto, falar de midiatização digital é
falar da crescente complexificação dos “processos de intercâmbio,
produção e consumo simbólico que se desenvolvem emumentor-
no caracterizado por uma grande quantidade de sujeitos, meios e
linguagens interconectadas tecnologicamente de maneira reticu-
lar entre si” (SCOLARI, 2008, p. 113, tradução nossa).
Nessa complexidade emergente, a internet opera como
um dispositivo organizador da cooperação social (cf. FLICHY,
2010), mediante a qual o digital vai se tornando a metalingua-
gem comunicacional contemporânea, a partir da qual as mídias
anteriores vão se ressituando em novos contextos de uso e de
apropriação. De um lado, as mídias analógicas passam a poder
dialogar com mais facilidade entre si, convergindo tecnologica-
mente; mas, de outro, passam também a divergir socialmente
em termos de apropriação e de construção simbólica, dadas as
possibilidades de interação social, em escala planetária e trans-
cultural, que o digital facilita e possibilita.