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Redes digitais: um mundo para os amadores. Novas relações entre mediadores, mediações e midiatizações

um período histórico em que os processos de interação sociotéc-

nica e de comunicação midiática se tornam generalizados, per-

cebemos que a internet passa a ser também um ambiente para

as mais diversas práticas sociais, caracterizando um fenômeno

de midiatização. Nas redes sociodigitais, os agentes sociais co-

nectados – indivíduos, grupos e instituições – manifestam suas

competências comunicacionais em diversos âmbitos do social,

inclusive o religioso. De um lado, percebe-se um processo tecno-

lógico, a partir do surgimento de

inovações tecnológicas

voltadas

à comunicação, cada vez em maior escala e alcance. De outro, há

um processo social, em que a sociedade não apenas cumpre os

usos previstos dos aparatos tecnológicos, mas também os des-

dobra em novos usos experimentais – incluindo os usos comu-

nicacionais de tecnologias não necessariamente pensadas para

esse fim – e até mesmo subversivos, mediante

invenções sociais

sobre as tecnologias (cf. BRAGA, 2012).

É nesse contexto que a palavra “mídia” ganha sentido.

Não se trata apenas dos

aparatos tecnológicos

, mas também das

práticas socioculturais

por meio desses aparatos, sobre eles e para

além deles. Segundo Verón (1997, p. 12, grifo e tradução nossos),

as mídias podem ser compreendidas como “umdispositivo tecno-

lógico de produção-reprodução de mensagens

associado

a deter-

minadas condições de produção e a determinadas modalidades

(ou práticas) de recepção de ditas mensagens” – e o que merece

ênfase é essa

associação

entre tecnologia e “condições de produ-

ção” e “modalidades de recepção”, que são justamente os usos

sociais dados aos dispositivos técnicos. Ou seja, a articulação de

uma tecnologia de comunicação amodalidades específicas de uso,

que podem ser múltiplas e diversificadas. As mídias, portanto, são

dispositivos sociotécnicos

e

sociossimbólicos

, baseados cada vez

mais no conjunto de técnicas” (MIÈGE, 2009, p. 110).

Nesse sentido, a midiatização pode ser entendida como

uma “ação das mídias”, já que os fenômenos sociais são “midia-

tizados” não estritamente pelos aparatos tecnológicos ou pelas

instâncias de mediação social, como a chamada “grande mídia”,

mas sim pelas

mídias

, em seu sentido lato e específico, ou seja,

os “meios” (ambientes) em que se desenvolvem complexas e hí-

bridas relações e mediações sociotécnicas, entre processos téc-

nicos e processos sociais.