Redes digitais: um mundo para os amadores. Novas relações entre mediadores, mediações e midiatizações
escreveu que “O combate de #Mandela transformou-se em um
paradigma para todos aqueles que lutam pela justiça, pela li-
berdade e pela igualdade”. O tweet da presidente sinaliza para
um movimento de apropriação de uma lógica de mídia pela
mandatária. Como portador de mensagens sintéticas provindas de
todo usuário conectado à internet e com perfil cadastrado, a par-
tir do dia 5 de dezembro o Twitter foi contaminado por endere-
çamentos textuais referentes à morte de Mandela que, mesmo
legítimos por expressar ideias ou sentimentos de atores sociais
alçados à condição de produtores de informação, ecoavam um
mimetismo em termos comunicacionais. A manifestação do
sentimento de luto na rede social gerou uma multiplicação de
mensagens remetendo a conteúdos semelhantes, manifestando
a simples intenção do interlocutor em registrar o seu recado, ou
seja, em tornar-se visível naquela espacialidade cujos protoco-
los de funcionamento interpelam à interação, mesmo que a sua
narrativa apena servisse para reafirmar a narrativa de um outro
usuário. Desprovido de senso de originalidade, a intenção do re-
metente era fazer parte daquele sentimento que, via rede, pôde
ser compartilhado por pessoas de todo o mundo desejosas de
expressar um mesmo discurso de dor e perda.
Nesse sentido, uma declaração histórica proferida por
Mandela foi incansavelmente replicada no Twitter no dia seguin-
te à sua morte, deixando patente a característica viralizadora de
conteúdos miméticos no microblog.