Redes digitais: um mundo para os amadores. Novas relações entre mediadores, mediações e midiatizações
do livro clássico intitulado
Cultura da Convergência
, “quando as
pessoas assumem o controle das mídias, os resultados podem
ser maravilhosamente criativos; podem ser também uma má no-
tícia para todos os envolvidos”.
O que se quer mostrar na sequência, apropriando-se de
tweets publicados em torno do falecimento de Nelson Mandela,
são entrecruzamentos e tensionamentos entre a agenda social/
amadora e jornalística, sinalizando para as complexidades que
permeiam a narrativa na internet enquanto somatório de múlti-
plos lugares de fala.
3 Entrecruzamentos discursivos: o caso Mandela
O alargamento da presença do amador no processo de
construção de sentidos em torno da morte do líder sul-africa-
no Nelson Mandela, principal nome na luta contra o apartheid,
ocorrida no dia 5 de dezembro de 2013, em Johanesburgo, ex-
plicita o afrouxamento do controle em torno do acontecimen-
to da esfera midiática jornalística, bem como o movimento de
ressignificação do caso pela presença de atores e gramáticas
individuais. Os cases apresentados na sequência apontam tensio-
namentos entre lógicas produtivas amadoras e profissionais,
sugerindo que a constituição de sentidos em torno dos aconte-
cimentos arquitetados em rede não se dá pela hegemonia pro-
dutiva de um ou outro ator midiático específico, mas sim pelo
trânsito informacional que projeta a cadeia de sentidos sempre
à frente (BRAGA, 2012).
No dia 27 de junho de 2013, o programa “A Voz do
Brasil”, há mais de 70 anos no ar, havia de forma equivocada
anunciado o falecimento do líder sul-africano. Vigilante aos fa-
tos reportados, os usuários do Twitter “R”
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e “c” expuseram a
gafe jornalística em seus perfis pessoais, questionando a cober-
tura da EBC Serviços, encarregada pelo programa.
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Os nomes dos internautas serão indicados de forma abreviada como estratégia
para preservar a sua identidade.