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Redes digitais: um mundo para os amadores. Novas relações entre mediadores, mediações e midiatizações

chamou a atenção a criaçãode umperfil intitulado@RealMORTE.

Neste ambiente, um anônimo não se faz passar por um persona-

gem reconhecido nacionalmente, como acontece no exemplo do

perfil fake @EikeBattistta. Aqui, a própria morte é virtualmente

personificada, passando a comentar o tema e a “comemorar” a

adesão de novos nomes à categoria de sujeitos mortos.

Percebe-se, neste último exemplo, um claro esvazia-

mento da reflexão e das sensibilidades historicamente suscita-

das pela morte, bem como a emergência de um novo imaginário

não mais conduzido pela autoridade do discurso religioso, mas

sim pelas lógicas operativas, preponderantemente delineadas

pelo humor e pela polêmica, abarcadas no discurso social.

4 À guisa de conclusão

As ressignificações de sentido em torno da notícia do fa-

lecimento de Nelson Mandela permitem fazer inferências sobre

o fluxo informacional no Twitter, dispositivo midiático no qual

uma superabundante teia de mensagens é posta em circulação,

instituindo a conformação de uma zona interdiscursiva entre

narrativas suscitadas por comunicadores de ofício e amadores.

Objeto sinergético, a morte do líder sul-africano ins-

tigou peritos do campo jornalístico e usuários amadores à in-

tervenção discursiva no microblog. Motivados pela expectativa

de se fazerem presentes ao debate, os receptores tensionaram o

trabalho jornalístico, experimentando práticas comunicacionais

que, entre outras atribuições, expuseram a cobertura à condição

de objeto explicitado e operacionalizaram o acontecimento às

lógicas do entretenimento.

A título de problematização, questiona-se a necessida-

de do estabelecimento de fronteiras mais definidas entre jorna-

listas e amadores ou, pelo contrário, no esfacelamento destes

lugares demarcados.