Redes digitais: um mundo para os amadores.
Novas relações entre mediadores,
mediações e midiatizações
Os tweets reportados acima indicam que, apesar de o
microblog possibilitar a manifestação de uma heterogeneidade
de vozes, projetando-se enquanto um dispositivo híbrido capaz
de acolher narrativas jornalísticas, institucionais e amadoras,
essa multiplicação não se traduz necessariamente em ganhos
informacionais. Por vezes, o que impera é a redundância infor-
mativa, situação em que um interagente confirma e legitima a
fala do outro. É preciso reconhecer, contudo, que à frase-símbolo
de Mandela está acoplada, em cada tweet reportado acima, uma
derivação específica, associando a figura do líder à imagem de
“homem raro”, ao presidente Lula, à gratidão por sua história.
Na sequência de tweets sobre o caso é possível anali-
sar também que a inexistência de um gatekeeper responsável
pela filtragem de informações na rede social gera uma curiosa
simbiose entre informação, entretenimento e contrainformação.
Ao contrário das mídias tradicionais em que editorias e seções
específicas explicitam ao leitor a natureza do conteúdo oferta-
do, via Twitter mensagens provindas da órbita jornalística e de
usuários comuns, assim como conteúdos originados de falsos
perfis, trafegam por um mesmo circuito informacional. Os pro-
tocolos do dispositivo, neste sentido, atribuem aos receptores
o trabalho de curadoria informacional, por vezes incapazes de
distinguir entre informação e entretenimento.
Ao realizar uma busca simples no Twitter com base na
expressão “Morte Nelson Mandela” é possível identificar uma
miscelânea de conteúdos que se entrecruzam, gerando um ca-
nal de informações difusas e providas de intencionalidades
distintas.