Redes digitais: um mundo para os amadores.
Novas relações entre mediadores,
mediações e midiatizações
As declarações de “R” e “c” evidenciam o trabalho do
usuário das redes sociais no monitoramento daquilo que emer-
ge enquanto “desinformação” do próprio campo jornalístico. Ao
acusarem a gafe, os internautas acabaram apropriando-se do
dispositivo comunicacional Twitter para notificar a sua rede de
contatos sobre os equívocos informativos de um programa ra-
diofônico, instituindo assim um processo de crítica à mídia que
projeta a cobertura jornalística à condição de “objeto explicita-
do” (BRAGA, 2006). Chama a atenção, contudo, que o usuário “c”
anexa à sua mensagem um link remetendo o seu leitor ao site
clicRBS, o que sinaliza para a complexidade dos circuitos intra-
midiáticos e intermidiáticos que incidem sobre os processos de
circulação (FERREIRA, 2016). O somatório das duas mensagens
revela que a informação sóbria, assim como a informação falível,
transita entre discursos acionados em diferentes dispositivos,
tensionando a relação do receptor com a órbita produtiva.
Cinco meses após a publicação das mensagens repor-
tadas pelos usuários “R” e “c” na forma de reparação crítica à
gafe verificada no programa “A Voz do Brasil”, a agência de notí-
cias CBC News, em 67 caracteres, anunciava em primeira mão a
informação da morte de Nelson Mandela, dado imediatamente
confirmado por fontes jornalísticas de todo o mundo: “
Nelson
#Mandela dies at 95, says South African President Jacob Zu a”.
Minutos após o anúncio, as infovias comunicacionais
pelas quais o Twitter é conformado seriam tomadas por men-
sagens de luto escritas em 140 caracteres. Assim como tantos
outros líderes mundiais, a presidente brasileira à época, Dilma
Rousseff, também fez uso da rede social para manifestar as suas
condolências antes mesmo de ser interpelada pelos profissio-
nais da imprensa a comentar o fato. Via Twitter, a presidente