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Redes digitais: um mundo para os amadores.

Novas relações entre mediadores,

mediações e midiatizações

quinas de busca alteraram profundamente os meios de acesso

ao saber. Usuários profissionais ou leigos podem facilmente en-

contrar sozinhos as informações que procuram. Na maior parte

dos sites, os internautas podem comentar os textos que leem.

Mas há mais. Com os sites de compartilhamento e as redes so-

ciais, a web permite atualmente conectar as competências dos

amadores. Essa

expertise

adquirida através da experiência, an-

teriormente dispersa, restrita a uma esfera local, pode hoje ser

agregada e acessada por todos.

Todas essas possibilidades fazem da Internet o meio

que abole a mediação? Ao lado dos bibliotecários, ofícios de me-

diação como o jornalismo se tornam inúteis face a um cidadão

que pode por conta própria produzir e fazer circular a informa-

ção? Mais amplamente, o estatuto sobre “os que sabem” está em

vias de transformação?

As mutações que se observam na Internet são de fato

mais complexas. Diz-se frequentemente que o indivíduo pode

doravante ignorar os mediadores profissionais e substituí-los

pelos conselhos e as opiniões de novos gurus. Porém, não há

aí uma substituição pura e simples. Porque os internautas, fre-

quentemente qualificados como pessoas “comuns”, são de fato

os amadores que desenvolveram uma certa

expertise

de avalia-

ção. Além disso, essas opiniões são elaboradas por um sistema

informatizado que as agrega e torna disponíveis. Essa atividade,

chamada de “intermediação” ou “infomediação”, baseia-se num

dispositivo sociotécnico no qual os internautas correspondem a

uma parte integrante. Não devemos, então, falar de abolição da

mediação, mas sim de transformação: ela se apoia daqui para a

frente sobre uma ferramenta digital, e os mediadores têm sem-

pre uma atividade de seleção, contudo aí instrumentalizada pela

informática. Os jornais

online

, por exemplo, devem selecionar

e verificar as informações que recebem. O ofício do jornalista

persiste, mas sua atividade se transforma. A situação do leitor

também se modifica. Ele pode acessar sozinho uma imensidão

de informações; pode também tomar distância face à autorida-

de do autor ou do especialista; pode, enfim, coproduzir o texto,

como na Wikipédia, ou mais modestamente comentá-lo. Logo,

o amador não substitui mais o profissional-especialista que o

mediador. Simplesmente, ele ocupa o espaço livre entre o leigo