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Redes digitais: um mundo para os amadores.

Novas relações entre mediadores,

mediações e midiatizações

Com efeito, a informática musical parece ser mais fá-

cil de aprender do que um instrumento tradicional, mesmo que

o fundamento das funcionalidades complexas necessite de um

investimento importante. Além disso, não é apenas um instru-

mento a ser tocado, mas trata-se de uma ferramenta de criação.

Portanto, com a informática, a relação com a música parece

evidente. O amador seleciona os sons (

sampling

) e os compõe

(

mix

) de acordo com um procedimento de copiar-colar musical;

em seguida transforma-os, associa-os, para criar uma música

que será completamente original e cujos compositores não será

possível reconhecer. Há especialmente uma continuidade en-

tre todas essas atividades: escutar, selecionar os sons ou

loops

musicais, reproduzi-los e logo colá-los de algum modo e escutar

imediatamente a obra criada.

Esses músicos-informatizados investem bastante emo-

ção e energia nessa atividade, e, pouco a pouco, o prazer de escu-

tar a música se transforma em prazer de criar. Esse tipo de mú-

sica é primeiramente feita para a própria pessoa: “Eu componho

o que tenho vontade de escutar”, diz um desses músicos. Essa

prática, como costuma ocorrer em atividades criativas, possui

uma característica profundamente individual: não é apenas uma

prática autônoma (como aquela da informática), mas é também

e sobretudo uma prática subjetiva.

O amador é mais livre que o profissional, pois ele não

precisa obedecer às normas de um editor ou do mercado. Po-

rém, isso não o impede de difundir uma parte de sua música

pela Internet ou em discos. Além da família e dos amigos, ele se

insere, assim, numa comunidade que aprecia sua música. Resu-

midamente, como disse um deles: “É muito solitário e ao mesmo

tempo muito conectado”.

A Internet é evidentemente uma ferramenta essen-

cial dessa ligação. A rede permite acessar inúmeros gêneros ou

músicas que o amador ignora ou não possui, personalizar seu

universo musical, diversificar seus gostos musicais: o músico-

-informatizado se inscreve nessa tendência observada durante

muito tempo entre os melômanos. A Internet permite ainda ao

músico amador difundir sua música graças aos sites de compar-

tilhamento. O amador da era digital ocupa, então, um novo pa-

pel na cena musical. No seu

home studio

, o aprendiz de DJ ou o