Redes digitais: um mundo para os amadores.
Novas relações entre mediadores,
mediações e midiatizações
e músicas. Esse trabalho expressivo não raro é sofisticado. Os
adolescentes, especialmente, manuseiam com destreza as lógi-
cas gráficas de diagramação e edição. A atividade criativa toma
uma forma particular que se assemelha àquela dos músicos-
-informatizados. Deparamo-nos aqui com uma estética do co-
piar-colar. Se algumas fotos são tomadas pelo blogueiro, muitos
outros elementos visuais ou sonoros são coletados da Internet.
Eles são, então, apropriados numa diagramação original e pos-
sibilitam situar o autor nos gostos musicais ou cinematográficos
de sua rede de amigos, num jogo complexo de conformidade e
distanciamento. A produção de si é um longo trabalho de coleta
e junção das afinidades e autonomia. Duas lógicas de difusão se
opõem: aquela da estima de si e dos mais próximos, largamente
dominante, e aquela da audiência e da fama.
2.4 Os fãs
Enquanto que o artista amador se situa ao lado da
produção, a atividade do fã pertence à recepção. Seu consumo
é importante: ele seleciona, no campo das culturas populares,
uma área à qual se dedica intensamente. Ele transforma-se aí
no especialista. Combina o escritor, o cantor, inclusive os meios
de comunicação, na sua vida cotidiana. Ele associa a isso suas
emoções e seus prazeres. É, logo, um amador da cultura. Mas ele
deseja também prolongar, se apropriar, contornar as produções
das quais é o “fã”, isto é, o fanático. É na base dessa última ativi-
dade que ele se aproxima do artista amador.
Mas há um elemento que os diferencia: a referência
à cultura. O artista amador pode adotar duas posições radical-
mente opostas. Por um lado, pode assumir uma posição de su-
bordinação aos intérpretes profissionais ou aos grupos de músi-
ca popular. Nesse caso, o artista amador produz por prazer uma
arte, em sua totalidade, inferior àquela que ele admira (mesmo
que consiga adquirir certa notoriedade graças à sua atividade).
Por outro, pode decidir se posicionar mais além. Sua produção
é, então, guiada exclusivamente pelo seu prazer e dos seus ami-
gos próximos. Ele não busca ser reconhecido nem satisfazer às
regras da produção dominante. Sua fascinação pelos produtos
culturais de massa é fundamentalmente subversiva. Ele procura