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Redes digitais: um mundo para os amadores.

Novas relações entre mediadores,

mediações e midiatizações

pouco a pouco uma

expertise

-experiência à procura do prazer.

O que distingue o amador do profissional é menos sua compe-

tência mais disposta a falhar do que uma outra forma de enga-

jamento nas práticas sociais. Suas atividades não dependem

das constrições de um emprego ou de uma instituição, mas de

sua escolha. Ele é conduzido pela curiosidade, emoção, paixão e

afinidade às práticas frequentemente compartilhadas com ou-

tros. Todavia, a atividade do amador pode se unir à pesquisa de

um interesse, a uma remuneração simbólica ou possivelmente

financeira. É tradicionalmente no domínio artístico e cultural que

se fala de “práticas amadoras”. Elas são definidas como as ati-

vidades realizadas pelos próprios indivíduos ao lado das cria-

ções ditas legítimas (música, literatura, teatro, etc.). Para alguns,

trata-se de uma atividade recreativa que não possui qualquer

pretensão artística; para outros, é uma simples atividade de re-

laxamento, uma atividade íntima e indispensável na qual o in-

divíduo, face a ele mesmo, se regozija. Isso não impede que um

número relevante de amadores faça circular suas produções,

endereçando-as a um público.

Ao lado desses artistas amadores que se expressam

através de uma atividade de autoprodução, encontra-se na área

artística uma outra figura, aquela do amador da cultura, o fã. O

fã não é somente um apaixonado que assiste a todas as apari-

ções de sua estrela preferida e coleciona seus artigos. Além de

amador da cultura popular, ele é também aquele que se apropria

diferentemente das obras, que promove uma recepção criati-

va. Ele pode, por exemplo, produzir vídeos ou remixar as faixas

musicais. Há, então, uma dupla característica na atividade do fã.

Como amador, ele cria, mas essa criação é sempre derivada; ela

se apoia num produto cultural já existente.

Há também as situações nas quais o amador se des-

taca do seu entremear e substitui diretamente o profissional-

-especialista; esse é notadamente o caso do campo científico.

Com a ajuda da Internet, os amadores desenvolveram tão bem

reflexões sobre enciclopédias quanto sobre a atualidade. Dito de

outra forma, eles substituem os vulgarizadores ou os jornalistas.

A Internet se tornou o instrumento de uma inteligência coletiva

dos leigos. Essa atividade não aparece somente nos espaços dos