Redes digitais: um mundo para os amadores.
Novas relações entre mediadores,
mediações e midiatizações
cia de uma tecnocultura que, de qualquer forma, abrigaria, se-
não toda, ao menos fragmentos da diversidade cultural global
em seus sentidos mais amplos. Uma concepção de cultura, den-
tro desta abordagem, põe em questão o ideal de um contínuo
desenvolvimento humano rumo a um objetivo transcendente. A
seta unilateral do progresso cai em suspensão. Ladeira (2013, p.
38), ao pensar no tema a partir da noção do “homem de Turing”
em Bolter (1984), propõe: “Uma visão contemporânea de cul-
tura, no âmbito do ‘homem de Turing’, orienta-se pela possibi-
lidade de manipular os instrumentos de um universo material
constituído de modo autorreferenciado”.
Shaw (2008) percebeu que o conceito de tecnocultura
pode ser rastreado em pensadores muito anteriores à discussão
das tecnologias digitais. Benjamin (1989) em seu famoso ensaio
A obra de arte na era da sua reprodutibilidade técnica,
publicado
pela primeira vez em 1935, foi inovador ao propor que a ressig-
nificação da arte consistia no uso da técnica para romper com
a autenticidade tradicional burguesa, mas que deixava em seu
lugar uma outra forma de percepção capaz de tornar acessível a
experiência estética para as massas, ou, por outras palavras, via
o surgimento de uma nova forma tecnocultural. Fischer (2013),
ao inventariar as apropriações do termo tecnocultura nas pes-
quisas de comunicação, propõe uma diferenciação entre os con-
ceitos de tecnocultura e cibercultura ao afirmar que este último
está contido naquele, possibilitando assim pensar em formações
mais amplas entre o cultural e o tecnológico.
As recentes reformulações sociotécnicas, principal-
mente com a abertura da internet comercial a partir de meados
da década de 1990, têm deslocado a atenção de boa parte dos
pesquisadores do campo da comunicação para o relevante papel
do dispositivo midiático nas construções de sentido e na organi-
zação social. Esta ecologia comunicacional, composta tanto pelas
mídias ditas tradicionais (TV, rádio, mídia impressa, etc.) quanto
por novas tecnologias de informação e comunicação (TIC), dei-
xa mais evidentes as marcas de um novo entorno midiático, fe-
nômeno que alguns teóricos como Fausto Neto (2006), Ferreira
(2006) e Braga (2006) estão chamando de midiatização.
Sendo assim, um caminho possível seria pensar os ima-
ginários tecnoculturais no contexto de uma sociedade midiatiza-