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Redes digitais: um mundo para os amadores.

Novas relações entre mediadores,

mediações e midiatizações

um campo organizado de práticas sociais na medida em que se

compõe de um discurso que dá sentido às formas de negocia-

ção para as ações dos indivíduos. Não se trata de fantasia, fuga

de um mundo concreto, passatempo das elites ou contempla-

ção, mas sim da imaginação como processo capaz de orientar

as dinâmicas culturais globais. O imaginário, afirma Appadurai

(1996), é um fato social que cria raízes e está no cerne de todas

as formas de ação, constituindo-se na dimensão-chave dos pro-

cessos sociais modernos.

Para Charles Taylor (2004), o imaginário social (ma-

nifesto em imagens, histórias, mitos, sentimentos gerais, etc.) é

a forma como as pessoas imaginam a própria existência, suas

expectativas, como elas relacionam as coisas do mundo entre si

e com os outros. Desta forma, o imaginário é o que legitima cer-

tas práticas sociais, na medida em que se apresenta como pano

de fundo da vida em comum, não estando restrito ao conheci-

mento elaborado por quem possui capital econômico ou por

minorias intelectuais. Portanto, é justamente por ser percebido

como “pano de fundo” que se afasta da noção de teoria social,

tornando-se suficientemente legítimo para dar sentido ao que é

comum, sem coação ou ameaça de coerção. Isto quer dizer que a

compreensão do imaginário compartilhado por uma sociedade

não significa a exclusão de posições contraditórias; antes, é pos-

sível que pessoas ou grupos que estejam imersas no imaginário

social moderno adotem ideias opostas a ele, subvertendo-o.

Para Flichy (2001), a técnica não é apenas agenciada,

mas também agencia os elementos tecnológicos de forma está-

vel e lhes atribui sentido. Para tal proposição, Flichy faz referên-

cia a alguns historiadores, como Charles Bazermann (1999) e

seu trabalho sobre a empreitada de Thomas Edison, que foi não

só o inventor da lâmpada, mas trabalhou para construir uma es-

pécie de imaginário específico para convencer a classe política,

os investidores e os consumidores de que a adoção da energia

elétrica era melhor do que a do gás. Flichy referencia também

JoAnne Yates (2005), que estudou o contexto do surgimento da

primeira geração de máquinas informáticas para as quais foi ne-

cessário criar uma demanda que ainda não existia para tal oferta

tecnológica. Foi preciso que o desenvolvimento destas máqui-

nas fosse inserido em uma nova ideologia, da gestão tele-escrita,