Redes digitais: um mundo para os amadores. Novas relações entre mediadores, mediações e midiatizações
pelos Ninjas (como se autodenominam os membros do coletivo).
Até mesmo uma improvável congruência entre duas revistas com
posições antagônicas,
Veja
9
e
Carta Capital
10
, foi possível na ela-
boração de críticas com o objetivo de atacar a qualidade técnica
do trabalho, a parcialidade política (pois é um tipo de jornalismo
ativista) e levantar dúvidas sobre sua forma de financiamento.
E, finalmente, a terceira forma de agir político viabilizada
pelas TIC foi colocada em prática pela ação de grupos de
hackers
,
principalmente do Anonymous Brasil, que participou ativamente
dos protestos, através de seu
website
e das diversas páginas nas
redes sociais e plataformas de compartilhamento destinadas ao
público brasileiro. O Anonymous, na prática, constitui-se de um
conjunto de especialistas que se organizam clandestinamente em
forma de comunidades virtuais para atuar no universo
online
. Seus
argumentos são fundamentados na “ética hacker” e se descrevem
como uma ideia ou um conceito, não uma organização. O grupo
divulgou informações sobre os diversos motivos dos protestos e
da falta de transparência dos governos e das empresas concessio-
nárias para justificar o aumento das tarifas de transporte urbano,
o que motivou o início das manifestações.
Ciberataques a
websites
do governo e de organizações
foram realizados durante todo o período em que aconteciam
as passeatas nas ruas. O primeiro foi a invasão da página da
Secretaria de Educação de São Paulo no dia 13 de junho. A pá-
gina oficial da Copa do Mundo na Cidade de Cuiabá foi invadida
no dia 17 de junho para publicação de diversos vídeos que re-
gistravam atos de violência policial contra os manifestantes. No
dia 18 junho, o Anonymous invadiu o
website
oficial do Partido
do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) para postar fotos
dos protestos.
A conta da
Veja
no Twitter
11
foi invadida no dia 19 de
junho, depois que a revista publicou matérias que criticavam
9
Crítica da revista
Veja
ao produtor cultural Pablo Capillé, ligado ao Mídia Ninja.
Disponível em: <http://veja.abril.com.br/brasil/conheca-pablo-capile-o-lider-
-por-tras-da-midia-ninja/>. Acesso em: 05 set. 2016.
10 Crítica da revista
Carta Capital
ao Mídia Ninja. Disponível em: <http://www.car-
tacapital.com.br/sociedade/fora-do-eixo-6321.html>. Acesso em: 20 ago. 2016.
11 Artigo da
Folha Online
sobre a invasão da conta da
Veja
no Twitter. Disponível
em: <http://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/06/1296409-conta-da-veja-
-no-twitter-e-hackeada.shtml>. Acesso em: 12 ago. 2013.