Redes digitais: um mundo para os amadores. Novas relações entre mediadores, mediações e midiatizações
tões políticas que assolam o país, pois já perceberam que tais
dispositivos afetam substancialmente os processos sociais.
2 Imaginário social, tecnocultura e midiatização
Para entender a criação de mundos comuns como
imprescindíveis à ação coletiva, torna-se necessário discutir a
noção de imaginário. A visita ao pensamento do sociólogo das
técnicas Patrice Flichy (2001) sobre a questão do imaginário
tecnológico levou-me às reflexões sociológico-filosóficas de três
pensadores que se debruçaram sobre o conceito de imaginário:
Castoriadis (1982), Appadurai (1996) e Taylor (2004).
Em sua obra
A instituição imaginária da sociedade
,
Castoriadis (1982) afasta sua concepção de algumas correntes
psicanalíticas que entendem o imaginário como imagens de
imagem refletida ou, por outras palavras, como elaborações fan-
tasiosas. Para o pesquisador francês, a história seria impossível
sem a imaginação criadora e produtiva que estaria no início de
toda atividade racional.
Aqueles que falam de “imaginário” compreenden-
do por isso o “especular”, o reflexo ou o “fictício”,
apenas repetem, e muito frequentemente sem o
saberem, a afirmação que os prendeu para sem-
pre em um subsolo qualquer da famosa caverna
[da alegoria da caverna de Platão]: é necessário
que (este mundo) seja imagem de alguma coisa. O
imaginário de que falo não é imagem de. É cria-
ção incessante e essencialmente indeterminada
(social-histórica e psíquica) de figuras / formas /
imagens, a partir das quais somente é possível fa-
lar-se de “alguma coisa”. Aquilo que denominamos
“realidade” e “racionalidade” são seus produtos
(CASTORIADIS, 1982, p. 13).
Da mesma forma, Appadurai (1996) lembra que não
podemos considerar o imaginário social apenas como uma sim-
ples fantasia de grupo, uma forma de evasão da realidade, visto
que a imaginação seria a característica constitutiva da subjeti-
vidade na modernidade. Para o autor, a imaginação tornou-se