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Redes digitais: um mundo para os amadores. Novas relações entre mediadores, mediações e midiatizações

des. Praticamente metade da população mundial tem acesso à

Internet (o que não significa que tenhamos superado questões

absolutamente básicas como a miséria e o direito à moradia,

por exemplo). A civilização do novo milênio vive mergulhada

nas Tecnologias de Informaço e Comunicaço – TICs, gerando

milhares de imagens digitais diariamente. Em nenhum outro

momento da história foi tão acessível, tecnicamente, produzir

imagens na proporção em que são veiculadas nos dias atuais.

Os limiares dicotômicos que marcaram o século XX – alta e baixa

cultura, real e imaginário, belo e feio, certo e errado –, no século

XXI são menos nítidos. Vivemos a era das incertezas. A interse-

ção de inúmeras variantes e linhas de fuga forma o rizoma em

que as identidades atuais são apresentadas. O espaço/tempo

em que a construção de si se atualiza não está somente nos mo-

dos de agir dos sujeitos no mundo tátil, mas também nos modos

simbólicos de agir no espaço digital. Isto significa, entre outras

coisas, que as identidades individuais não mais se reduzem a um

único modo de ser (o que talvez jamais tenha ocorrido, apesar

das “certezas” da razão moderna).

A construção do “eu digital” por meio de imagens técni-

cas nas comunidades on-line é menos a linha de chegada de um

processo sociocultural que converge às TICs e mais um ponto de

partida para pensarmos a construção de uma outra racionalida-

de (não totalmente nova) que foi subexplorada em detrimento

da linear. Há muito que se avançar nos estudos em Comunicaço,

principalmente no que concerne a novas formas de análises

das imagens. Há, todavia, indícios de que o campo pode dar re-

levante contribuição à sociologia e até mesmo à filosofia para

compreendermos os paradigmas sociais emergentes. O esforço

deste estudo foi justamente esse, de propor olhares não dogmá-

ticos sobre práticas dos amadores na

web

, sobretudo no que diz

respeito à construção do “eu digital”, em perspectiva com auto-

res que se debruçam sobre as problemáticas do audiovisual no

mundo contemporâneo.