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2.2.3.3
Processo pirometalúrgico
É um processo metalúrgico que utiliza altas temperaturas, podendo produzir metais
puros, ligas ou compostos intermediários. A pirometalurgia requer elevado consumo de
energia para atingir as temperaturas adequadas para cada etapa do processo. Essa energia,
normalmente é fornecida pela queima de combustíveis fósseis, por reações exotérmicas que
ocorrem nas diferentes etapas ou aquecimento elétrico. O processo pirometalúrgico é
constituído de uma série de etapas que vão desde a secagem da matéria-prima até o refino do
produto final. A etapa de transformação química a ser utilizada vai depender do material de
partida. As mais conhecidas são a calcinação (decomposição pelo calor na presença de
oxigênio), ustulação (calcinação aplicada a sulfetos) e pirólise (decomposição pela ação do
calor em um ambiente com pouco ou nenhum oxigênio). Ressalta-se que um dos maiores
problemas da utilização de processos pirometalúrgicos é a possibilidade de emissão de
compostos tóxicos como as dioxinas liberadas pela queima dos polímeros clorados
(GERBASE e OLIVEIRA, 2012).
Importante destacar que a incineração é o método mais utilizado para remoção de
componentes orgânicos e da fração polimérica. Os resíduos triturados podem ser incinerados
para remoção dos polímeros e resinas orgânicas e o concentrado metálico obtido levado para
processos de refinamento eletrolítico ou pirometalúrgico. Essa fase de incineração exige
atenção quanto ao tratamento das fases gasosas, visto que a emissão de componentes
poluentes, como as dioxinas, oferece sérios riscos à saúde humana e ao meio ambiente (SUM,
1991
apud
VEIT, 2005).
Tecnologias que envolvem pirólise apresentam maior eficiência quanto à redução de
volume e quantidade de sucatas, superando outros métodos também na eficácia de separação
de componentes orgânicos. Os métodos apresentados por Zhou e Qiu (2010) envolvem
diferentes fases de processamento, a primeira delas é a pirólise à pressão reduzida. Ao
término da operação é obtida a fração de metais concentrados, as ligas metálicas impuras são
novamente aquecidas e após a fusão, são submetidas à purificação através de centrifugação à
pressão reduzida. Os resultados obtidos foram satisfatórios para a remoção das soldas
(constituída por chumbo e estanho). Há destaque também para a reutilização do óleo, gás, e
materiais inorgânicos, gerados durante a pirólise como combustíveis e matéria prima, depois
de tratados adequadamente.
Long
et al.
(2010) por sua vez, demonstraram a viabilidade de um processo composto
por pirólise a vácuo e processamento mecânico para reciclagem de PCIs. Por meio da pirólise
a vácuo a matéria orgânica foi decomposta para forma de gases e líquidos que podem ser
usados como combustíveis, porém a matéria inorgânica ficou inalterada, compondo o resíduo
sólido. Na segunda fase, os resíduos obtidos na primeira fase foram inseridos para separar e
recuperar o cobre por meio de tratamento mecânico, obtendo 99,86% de todo o cobre presente
na placa.
Dentre vários processos pirometalúrgicos utilizados para o tratamento dos REEE, Cui
e Zhang (2008), relatam sobre o processo da empresa Noranda utilizado no Canadá. A
fundação recicla cerca de 100.000 toneladas de REEE por ano. Como resultado final dos
processos é obtido cobre com 99,1% de pureza, os 0,9% restantes contém metais preciosos
que inclui o ouro, prata, platina e paládio, bem como outros metais passíveis de recuperação
tais como selênio, telúrio, e níquel.
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