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- Compostagem e biometanização descentralizada

No Brasil, as ações do governo para estimular a adoção de compostagem doméstica

ainda são fracas. Além disso, os modelos de composteiras ou de compostagem em pequena

escala disponíveis no mercado são poucos e caros para a maioria das pessoas. Nesse sentido,

as instituições públicas de ensino e/ou de pesquisa que já possuem um conhecimento

acumulado face a experiências consolidadas podem e devem contribuir, especialmente pelo

seu papel educacional, formador de opinião e difusor de tecnologias.

A compostagem em pequena escala, quando realizada de forma descentralizada,

proporciona economia significativa nos custos de energia e de transporte de resíduos sólidos,

bem como uma redução substancial das emissões, uma vez que os resíduos são reciclados

adequadamente no local de sua geração (MARQUES; HOGLAND, 2002; ORDIF, 2016).

A questão econômica é extremamente relevante; porém, não pode paralisar as

melhorias da gestão. Há várias maneiras de viabilizar economicamente os programas e ações.

Um exemplo é o da Agência de Resíduos da Catalunha (Espanha), que financia a instalação

de unidades de compostagem e biometanização através de um Fundo, mantido com a taxa de

disposição dos resíduos, cobrado por cada tonelada que vai para o aterro sanitário ou para

incineração. O valor pode ser restituído dependendo da quantidade e qualidade dos resíduos

orgânicos que chegam às 19 unidades de compostagem e cinco plantas de biometanização

(REGIONSFORRECYCLING, 2014).

Por outro, o incentivo a instalações comerciais também é fundamental. Uma análise

custo-benefício que foi realizada utilizando-se dos dados de cinco plantas de compostagem na

Ásia, incluindo Surabaya, Bali e Bekasi em Indonésia, Beijingna China, e Matale no Sri

Lanka. Concluiu-se que, as unidades de média escala têm uma oportunidade ideal para serem

financeiramente viáveis quando comparadas com as unidades de pequena e grande escala. As

vantagens da média escala são: a entrada de resíduos e a qualidade do produto são mais fáceis

de controlar do que em usinas de compostagem em escala maior; existem oportunidades de

renda extra, tais como taxas de depósito e de créditos de carbono, que são limitadas no caso

das unidades de compostagem em pequena escala. A escala de unidade de compostagem é um

dos principais fatores a serem considerados na fase inicial de planejamento de usinas de

compostagem. O estudo também identificou que a viabilidade econômica das unidades de

compostagem depende deinúmeros de fatores, como a seleção de métodos de processamento

adequado, tecnologias, escala, qualidade de produto e estratégias de

marketing

(PANDYASWARGO; PREMAKUMARA, 2014).

Segundo Philippi (2009), uma das formas que permite à comunidade refletir sobre

suas práticas e atitudes em relação ao meio ambiente, bem como demonstrar a sua capacidade

de autonomia e cidadania, é a descentralização dos serviços de saneamento. Ela também

fornece o incentivo à criatividade social, para a formulação e adoção de tecnologias

apropriadas às condições específicas da comunidade. Maestri (2010) acrescenta que ter um

sistema que promove a participação da comunidade na gestão do lixo orgânico contribui para

melhorar a organização do setor. Para a comunidade, a aterro sanitário é uma maneira mais

fácil de lidar com o problema do lixo. No entanto, a descentralização da gestão de resíduos

orgânicos promove o envolvimento de estabelecimentos, residências e prefeituras, para que

todos possam beneficiar do retorno ambiental e também econômico obtido pela reciclagem

local.

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