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Entretanto, a legislação prescreve a cobrança de serviço aos grandes geradores. Para

que o Programa seja ampliado, tal aspecto deve ser considerado ou, quando não cobrado,

medidas de compensação pelo serviço ofertado devem ser obrigatórias, como por exemplo a

manutenção de parques e jardins, com obrigação da aquisição de composto orgânico para a

adubação das plantas.

O incentivo da compostagem doméstica e comunitária descentralizadas tem um custo

bem menor para o município, pois reduz a coleta e o transporte dos resíduos. No entanto,

deve-se considerar a necessidade de gastos permanentes com campanhas educativas e apoio

financeiro e técnico às iniciativas que surgirem.

CONCLUSÕES

O processo de compostagem se insere também num esforço de retardar a perda da

qualidade dos solos, fenômeno observado no mundo inteiro e em particular com muita

intensidade no Brasil onde, em particular, ela teria validade ainda maior diante das condições

naturais de temperatura que o país apresenta. Nas áreas urbanas, com a ocupação

descontrolada que caracteriza seu crescimento, tal esforço se reveste de maior significado,

uma vez que a qualidade ambiental está diretamente associada à vegetação, por sua vez

dependente do solo.

Como qualquer outra cidade, Belo Horizonte ainda tem um enorme potencial para

aproveitar seus resíduos sólidos, num processo de valorização orgânica via compostagem e

biometanização. Se os aspectos tecnológicos têm sempre que ser melhorados, otimizando os

procedimentos e aumentando seus rendimentos, outras ângulos desta problemática, tais como

a participação dos usuários e as formas de custeio dos sistemas, ainda estão incipientes. A

cidade vem acumulando experiência importante no processo, tendo iniciativas de mérito que

não foram continuadas ou permanecem em patamares ainda baixos. Destarte, o resgate deste

aprendizado é decerto fundamental para consolidar iniciativas mais recentes e que estejam

afinadas com novas exigências legais.

Parece que uma variável para melhorar o funcionamento do sistema de valorização de

resíduos, em que a compostagem é peça-chave, é associada ao pequeno apoio político, tanto

no nível institucional quanto no nível administrativo. Assim, todas as vantagens inequívocas

que o processo mostra, há milênios e em tantos países, acabam sendo anuladas pelo descaso

com que a administração vem cuidando da questão, deixando de reconhecer, sob ponto de

vista de alocações financeiras para operação, manutenção e ampliação, tais méritos.

O envolvimento vigoroso da população

todos somos geradores de resíduos

precisa

ser garantido, inclusive com compromisso pelo financiamento da gestão de RS, até porque se

insere numa estratégia de mitigação de impactos ambientais. Além da educação formal e para

vários públicos (por exemplo, adultos e idosos), quaisquer oportunidades que suscitem a

participação dos cidadãos têm que ser aproveitadas, já que de outra forma não se atingirão os

objetivos e metas já estabelecidos em leis.

Uma mudança cultural no âmbito local passa pelo desenvolvimento, em nível

residencial, de atividades que, por um lado, encaminhem os resíduos sólidos para sua

valorização (por exemplo, de coleta seletiva) e que, por outro lado, possam absorver os

produtos daí advindos. Hortas caseiras, escolares e comunitárias, jardins domésticos e espaços

públicos (canteiros, parques e demais áreas verdes) são partes das possíveis destinações do

composto. Belo Horizonte precisa fazer jus ao epíteto

de “cidade jardim”.

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