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SOCIEDADE DE RISCO E NANOAGROTÓXICO: REFLEXÕES SOBRE OS RISCOS INVISÍVEIS POSTOS À MESA

IMPACTOS SOCIAIS E JURÍDICOS DAS NANOTECNOLOGIAS

Júnior e Santos (2016, p. 137) denunciam que, no Brasil,

“a análise de risco de nanomateriais no setor de ali-

mentos e na agricultura não tem sido objeto direto de

estudo por parte das pesquisas realizadas”. Os gran-

des conglomerados industriais a cada dia ampliam

os artifícios aplicados à produção de alimentos e são

protagonistas de uma revolução incolor que comple-

ta o ciclo de industrialização da agricultura.

As pesquisas na área de nanoalimentos, em

consonância com a visão de Silva, Engelmann e

Hohendorf (2016, p. 223), também prometem “alte-

rar cor, sabor e nutrientes de acordo com os requisi-

tos de cada consumidor”. Outras pesquisas avançam

no sentido de desenvolver “filtros para eliminar toxinas

ou mesmo modificar sabores retendo substâncias de

acordo com o formato de suas moléculas”. Embala-

gens inteligentes também poderiam ser desenvolvi-

das para conseguir “detectar quando seus conteúdos

estão estragados e mudar a cor para assim avisar os

consumidores”. Na linha de nanoalimentos não se en-

quadram apenas os “alimentos e as bebidas que têm

nanopartículas em sua composição, mas também

tudo o que entrar em contato com alimentos e be-

bidas, como rações, vacinas, pesticidas, embalagens

etc.” (SILVA; ENGELMANN; HOHENDORF, 2016, p. 223).

Por tudo o que foi exposto, pode-se dizer que

as aplicações de nanotecnologia na produção e na

indústria de alimentos crescerão exponencialmente

sem que se tenha uma regulamentação para o setor.

Consumir diferentes alimentos nanoestruturados pode

ter um potencial altamente perigoso com o aval dos

governantes e da presumida infalibilidade da ciência.

E neste sentido, o olhar de Beck (2010, p. 272)

é altamente revelador ao dizer que “precisamos de

uma teoria das constrições objetivas da ação cientí-

fico-tecnológica que coloque a produção de contri-

ções objetivas e de ‘efeitos colaterais imprevisíveis’ no

centro da discussão sobre a ação científico-tecnoló-

gica”. É preciso que a exposição do ser humano aos