Table of Contents Table of Contents
Previous Page  66 / 282 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 66 / 282 Next Page
Page Background

Midiatização e redes digitais: os usos e as apropriações entre a dádiva e os mercados

então, pela identificação do

habitus

semio-linguageiro-discursi-

vo; mas investigá-lo também pede a identificação do

habitus

téc-

nico e tecnológico, com sua arqueologia; e os

habitus

simbólicos,

singulares, que regulariam esses espaços de práticas. Em algu-

ma medida, essas dimensões, simbólicas, das práticas estão em

interface com as instituições sociais exógenas. Por isso, o estudo

das práticas requer a competência do arqueólogo, para saber

analisar o que é uso e o que é prática.

c) Das apropriações

- Proposição – Apropriação: Não é apenas apropriação

dos meios tecnológicos e das técnicas, mas também de lingua-

gens e dos objetos sociossimbólicos (religião, política, amor,

etc.). Apropriação é sempre desapropriação do trabalho social

de produção de sentido, consolidado em práticas. Nessa pers-

pectiva, é desapropriação do comum, realizada conforme lógicas

dos mercados econômicos, políticos e culturais. Só há dispositi-

vos quando há apropriações.

- As questões: A teoria das mediações (Barbero) situou

um conjunto de questões ao limitar as apropriações dos meios

ao lugar do entre os meios e a cultura. Entendemos que neste

espaço há um jogo de hegemonias e concessão – dos discursos-

-retóricos às narrativas; da argumentação à interlocução de re-

conhecimento –, que há uma apropriação dos processos sócio-

-semio-culturais ascendentes, percebidos como centrais à pró-

pria existência da apropriação dos meios. Mas parece que esta

é a parte boa da história. É fato que os meios técnicos e tecnoló-

gicos não são flexíveis assim às apropriações ascendentes. São

mais permeáveis às apropriações descendentes, ou seja, aque-

las realizadas pelos capitais – econômicos, políticos e culturais.

São grandes projetos políticos, estatais, econômicos e culturais,

dos quais destacamos o projeto cibernético, os sistemas espe-

cialistas, a inteligência artificial, mas também os projetos orga-

nizacional-midiáticos. A questão, aqui, essencial é de como tais

apropriações das práticas e dos usos intervém nas simbólicas

sociais, de forma endógena (como representação de dilemas),

operações (criação de novos impasses) e transformações (dos

impasses e dilemas sociais já conhecidos e identificados pelas

ciências sociais clássicas).