Midiatização e redes digitais: os usos e as apropriações entre a dádiva e os mercados
zer parte da base de dados do Booking.com. Entre as vantagens
oferecidas no “Programa de Afiliados”, está, além da promessa
de uma negociação séria e de baixo risco, o acesso a estatísticas
baseadas nas pesquisas dos usuários. Veja abaixo a explicação:
Estatísticas online
Como parceiro afiliado, você pode rever estatísti-
cas online, como número de visitantes, reservas,
conversões e comissões. Além disso, oferecemos
informações detalhadas sobre cidades reservadas,
idioma e país do usuário, assim como várias ferra-
mentas de rastreamento sofisticadas. Muitos dos
nossos afiliados aproveitam a riqueza de informa-
ções para maximizar seus lucros. Estamos certos
de que a transparência nos resultados (financei-
ros) é crucial. Ao fornecer esses dados aos nos-
sos parceiros afiliados em tempo real, esperamos
mantê-los informados da melhor maneira possível
(BOOKING.COM, 2015).
Isso quer dizer que, ao utilizar o Booking.com, os usuá-
rios não estão apenas fazendo uma pesquisa de hotéis, mas ge-
rando dados que servirão para o negócio. É a chamada “contri-
buição online como uma transação mercantil” a que se refere
Proulx (2012). Ao utilizar o site, o usuário deixa rastros, dados
que são captados pela empresa proprietária da plataforma e re-
passados aos afiliados (hotéis). Um cliente Genius, por exemplo,
tem uma extensa lista de reservas anteriores, o que contribui
para a construção de um perfil. Ou seja, os usuários da agên-
cia não são apenas ‘produtores de conteúdo’ (quando avaliam
as acomodações de um hotel), mas igualmente ‘fornecedores de
dados’ (enquanto mantêm uma conta sujeita aos rastreadores
sofisticados da agência).
Nesse sentido, Serge Proulx (2012) considera que os
usuários se tornam “metadados”, os quais servirão de base para
“a produção de valor econômico neste mundo de gigantes da in-
ternet. Trata-se do capitalismo informacional, no qual os usuá-
rios regulares que produzem dados em tempo real são a fonte do
valor de sistema econômico da internet” (PROULX, 2012, p. 2).
Vale notar que, na concepção do pesquisador canadense, a con-