Midiatização e redes digitais: os usos e as apropriações entre a dádiva e os mercados
mocrática, favorecendo processos horizontais de comunicação e
informação jornalística. Neste sentido, a midiatização social é o
processo cujas práticas culturais, lógicas e midiáticas constroem
e afetam de maneira transversal a sociedade contemporânea,
considerando o dispositivo comunicacional para além de instru-
mento ou suporte.
Com a emergência do significado social e econômico da
assim chamada sociedade da informação, instaura-se uma rede
digital de cidadania. Neste contexto, o controle social se mostra
como a capacidade/poder que advém da tomada da comunica-
ção digital como ferramenta de articulação dos saberes.
A descentralização da rede CMI e sua flexibilidade
em um contexto globalizado demonstram grande potencial
para o controle social da comunicação midiática, apesar do
ambiente digital não ter alcance homogêneo entre as popula-
ções. Incentivados por indivíduos ou grupos, não representa-
dos pela mídia tradicional, os coletivos como o CMI fazem dos
espaços públicos, como as ruas e os ambientes digitais, seus
âmbitos de expressão, apropriando-se dos (novos) meios de
comunicação e buscando uma nova organização social, ainda
que entremeados pelo capitalismo cognitivo e informacional
(PROULX, 2012b).
Neste espaço em constante mutação, pode-se buscar
a
agência
, o
poder de agir
dos cidadãos, face às competências
desenvolvidas a partir das TICs. Como afirmaram Christofoletti
e Motta (2008), abrir uma janela de observação e crítica dos
meios para a sociedade não basta. É preciso haver consciência
avançada de cidadania em relação à mídia e à resistência civil,
assim como é preciso ter
poder de agir
.
Conclui-se que as apropriações técnicas e simbólicas
dos voluntários do CMI, bem como de seus leitores e outros
contribuidores, ainda que desde campos sociais e institucionais
distintos, alteram discursividades, bem como ressignificam con-
teúdos, mudam as relações do público com a notícia e as pró-
prias condições de existência dos cidadãos e usuários, de forma
que o CMI evidencia o
poder de agir
na Cultura de Contribuição,
configurando-se como uma organização ativa politicamente na
web e nas relações sociais e comunicacionais que constrói com
outros agentes.