Midiatização e redes digitais: os usos e as apropriações entre a dádiva e os mercados
mação industrial reduziria as atividades do negócio produtivo e,
ao contrário do que os empregadores desejam, os seres huma-
nos poderiam usar suas aptidões e capacidades para o lazer em
vez de capacitação para mais trabalho, formando assim a “socie-
dade do tempo livre”.
Sob a ótica destes dois pensamentos, acompanhamos
a leitura feita por Proulx (2012), qual seja: que uma crítica po-
lítica das TIC nos permite pensar não só em um novo modo de
produção, mas também na possibilidade da saída do capitalismo
através de algumas práticas revolucionárias do agir político que
visam definir os termos de uso e apropriações das mídias digi-
tais. O autor aponta três formas de agir segundo análises empíri-
cas: Proulx
et al
. (2008) analisam as práticas do grupo de mídia
popular Communatique
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, de Quebec, que visa à promoção de
acesso e apropriação social das tecnologias digitais; a segunda
forma consiste na reconfiguração simbólica nas narrativas, ima-
gens e discursos, através do uso criativo das tecnologias, como
faz o grupo canadense Adbusters
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, que trabalha em uma pers-
pectiva de adaptação e transformação do capitalismo mudando
o fluxo das informações e a forma como as organizações exer-
cem poder. A terceira forma seria aquilo que Gorz (2003) chama
de “dissidentes digitais”, que buscam a utopia pós-mercado e a
extinção do capitalismo, como as comunidades de software li-
vre, Wikileaks, Anonymous, etc.
3 Vem pra Rua, o Gigante Acordou, a Mídia Ninja
cobriu e o Anonymous hackeou
Podemos dizer que, nos protestos brasileiros de ju-
nho de 2013, houve indícios destas três formas de agir polí-
tico nas mídias digitais ocorrendo simultaneamente às mani-
festações nos espaços urbanos. Ao analisarmos alguns mate-
riais que circularam pela internet, durante os meses de junho
e julho de 2013, encontramos fragmentos de uma nova forma
7
Ver mais no website do Communatique. Disponível em: <http://www.commu
nautique.qc.ca/>. Acesso em: 10 ago. 2013.
8
Ver mais no website do Adbuster. Disponível em: <https://www.adbusters.
org/>. Acesso em: 10 ago. 2013.