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Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo

indíviduos entre si e com os objetos-meios. Pode ser inclusive

uma paisagem invertida, como ocorre na realidade virtual, mas

que o cérebro (a cognição) pode ‘corrigir’, conforme suas com-

petências funcionais, operatórias e lógico-analíticas. A tese da

desrealização (Baudrillard) é só parcialmente válida, pois de-

pende da proliferação exponencial do primeiro olhar, em detri-

mento dos olhares reconstruídos individual e socialmente, em

termos funcionais, operatórios e analíticos. É verdade que a pro-

liferação de meios semiotécnicos favorece a expansão do territó-

rio de desrealização, espaço de ilusões, de crescente dificuldade

de des(re)construção dos sentidos construídos nas interações

com objetos-meios. Quando isso ocorre, pode-se concordar com

a tese de que a midiatização é um processo correlato ao capi-

talismo financeiro, que dissocia a produção social de valor dos

processos de sua realização. Mas a midiatização não é apenas

isso. Pode ser também uma transformação histórica das formas

de consciência social, com potencial de ultrapassagem do pró-

prio capital financeiro.

3 Regulações, campos e circuitos-ambientes

A proposição que desenvolvemos é de que se os usos

são sociais em geral, as apropriações são institucionais em es-

pecífico. Mas, além de usos e apropriações, há os acessos e as

práticas sociais. Epistemologicamente, o conceito de indústria

cultural acentua o momento das apropriações. Já as teorias inte-

racionaistas valorizam a dimensão dos usos, e as estruturalistas,

as práticas. Na perspectiva da midiatização, busca-se investigar

as relações entre esses processos (de acesso, usos, práticas e

apropriações), considerando atores, instituições midiáticas e

midiatizadas. As instituições midiatizadas se referem a organi-

zações dos mercados econômicos, culturais e políticos (incluin-

do o Estado) cujos processos de interação estão mediados pelos

objetos-meios, na conjuntura atual especialmente os digitais,

em rede. Essas apropriações estão em tensão com os usos so-

ciais, acionados principalmente pelos atores que estão fora dos

quadros de referência das instituições midiáticas e midiatizadas.

Braga (2012) sugere pensar as relações entre circui-

tos e campos. Concordamos com isso, desde que não se desfa-