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Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo

Os processos cognitivos são sociais e individuais e de-

vem ser situados a montante de a jusante. Por um lado, podem

ser localizados como ponto de partida das interações dos indi-

víduos com os objetos-meios; por outro, retornam a processos

cognitivos individuais e sociais. Nessas interações emergem as

figuras, indícios e símbolos. Mas, ao mesmo tempo, nas intera-

ções, emergem campos perceptivos que se situam na interface

entre indícios de um objeto e relações social e individualmente

constituídas como processos cognitivos.

Porém, se a cognição se resumisse às percepções pri-

meiras, aos indícios de um real interposto e à simbólica deriva-

da de uma busca ou falta, a semiose seria um conceito suficiente

para dar conta da dimensão cognitiva. Em nossa formulação, cog-

nição e semiose são conceitos diferenciados, relativos a proces-

sos específicos. Nesse sentido, a cognição também não se confun-

de com o argumento peirceano (abdução, dedução e indução).

Numa perspectiva piagetiana, a cognição vinculada aos

meios de informação e comunicação é uma construção social e

individual que se refere ao conhecimento funcional, operatório

e lógico-relacional construído nas interações dos indivíduos com

os objetos-meios e entre si. Assim como a semiose, a cognição se

transforma. Não se trata aí da transformação inerente à semiose,

ao sentido em si, nem à força do argumento em sua especificida-

de, mas da ressignificação do campo perceptivo é uma derivada

da ação e interações sociais, que transforma as proposições fun-

cionais, operatórias e lógico-relacionais sobre os objetos-meios.

Somente neste segundo sentido pode-se falar em ressignificação

que leve à desrealização, ou, alternativamente, à realização do

sentido. Quando não transformada por esses processos cogniti-

vos, a semiose pode ser a proliferação da realidade virtual, des-

construção sucessiva das ordens discursivas, especialmente das

narrativas. Em outras palavras, as interações com os objetos-meios

não levam somente à proliferação de imaginários, nem apenas

a configurações simbólicas, inclusive degeneradas, mas também

há a possibilidade de construção de novas lógicas sociais, opera-

tórias e co-operatórias, em termos sociais.

Nessa perspectiva, o imaginário corresponde ao pri-

meiro olhar, que se transforma conforme interações e ações dos