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Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo

financeiro. O primeiro, a semiose como processo de descons-

trução da desrealização através de processos cognitivos sociais

e individuais de retorno ao real, através de competências fun-

cionais, operatórias e lógicas, como mediação necessária à re-

instalação de simbólicas que sejam referenciais para a potência

dos coletivos éticos e estéticos. O segundo é que a capacidade

de regulação – observável na microanálise de circuitos-ambien-

tes específicos – seja capaz de responder aos macroprocessos

– onde o observável são as permanentes disrupções, que reve-

lam as incapacidades das instituições midiáticas e midiatizadas

de respondem às normas, valores e discursos que as constituem

em suas especificidades. Essas duas questões serão abordadas

nestas conclusões.

A tese da desrealização nos remete a uma homologia:

assim como o capital, em sua fase financeira, leva à crise per-

manente, decorrente da separação estrutural dos processos de

valorização do capital dos processos de constituição dos valores

de uso, os processos midiáticos também separariam, de forma

não menos estrutural, a semiose midiatizada dos processos de

produção social de sentido em que a realidade (regimes de ver-

dade da modernidade) é uma componente que se interpõe en-

tre a proliferação dos imaginários e o simbólico, acionando um

processo de degeneração ética e estética. Esta é a forma como

assimilamos a tese de Muniz Sodré.

Essa homologia é observável. Mas ela produz outro

tipo de contradição: aquela que se observa entre lógicas de

desrealização e lógicas fundadas na modernidade, de campos e

instituições, em que a realização é central em seus regimes de

verdade. Isso produz uma crise funcional, também homológica,

em duas instâncias: a dos mercados econômicos e dos mercados

culturais, afetando os mercados políticos. Essa espécie de crise

permanente na semiose midiatizada se manifesta em termos de

defasagens, incertezas e indeterminações.

As brechas, fissuras e ausência de coesionamento de

sentido favorecem um novo tipo de disrupção. Não se trata ape-

nas dos processos de circulação regulados. Nem de processos de

desrealização. Mas do que emerge nas fissuras do que está re-

gulado e do que está desrealizado. Que penetra com incisão nas

instituições, colocando-as em xeque, através especialmente dos