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Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo

ticas e dilemas sociais. Este é o grande foco da midiatização, em

nossa formulação.

Nesses diversos circuitos-ambientes, estão atualizadas

as tensões entre

oikos

e

polis

. São constituídas novas

poleis

, que

reúnem, de forma desterritorializada, instituições midiáticas,

midiatizadas e atores sociais. Aí se colocam os problemas da co-

municação contemporânea, pois não se trata daquilo que está

normatizado pelas apropriações e práticas (

habitus

), mas tam-

bém como isso se produz no entre essas diversas lógicas, for-

matos e operações, tensionando o que está normatizado pelas

práticas. Quando a midiatização se reduz às apropriações, nem

os circuitos nem a circulação ofereceriam outra perspectiva de

sociabilidade que não a de reprodução dos campos instituídos,

mesmo que através de um permanente

upgrade

decorrente dos

processos de regulação, das práticas e dos

habitus

. Nas sobras,

só haveria o mundo fantasmagórico das ordens dilaceradas, das

figuras virtuais proliferadas e das narrativas abortadas. Mas aí

temos os algoritmos, que organizam esses mundos das trevas,

os agenciam, os agrupam, os categorizam, direcionando institui-

ções e indivíduos aos usos sociais diversos, o que, portanto, nos

remeteria, novamente, aos usos e interações reguladas.

Mas não é isso que se observa. As pesquisas empíricas

em midiatização apontam transformações das instituições, cri-

ses terminais de algumas e nascimento de novas instituições. O

campo religioso é um dos mais paradigmáticos da emergência

de novas instituições e organizações. É verdade que as institui-

ções religiosas podem ser forjadas nos circuitos e processos de

circulação entre campos e instituições antes existentes, midiáti-

cas e midiatizadas. Mas se constituem em um novo, derivados de

usos sociais inesperados, que têm demonstrado uma capacidade

de apropriação de ordens discursivas já instaladas, de objetos-

-meios disponíveis, seguindo lógicas, formatos e operações de

produção na interface entre instituições midiáticas e religiosas.

Isso, concordamos, ainda não revelaria um conflito

entre capital financeiro e midiatização. Afinal, as ditas igrejas

neopetencostais são demasiadamente vinculadas também a ló-

gicas do mercado econômico e político, condensando também o

midiático e o religioso. Podem ser compreendidas como formas