Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo
contemporâneas da religiosidade em tempos de midiatização e
financeirização da vida, o que se manifesta na teologia da pros-
peridade. Isso nos permite localizá-las como transformações
tentaculares, que permitem regulações entre semiose e proces-
sos de valorização do capital.
Assim, podemos afirmar que os processos midiáticos
são regulados. Este parece ser a tese e objeto de Bernard Miège
(2008).
4 A atorização, individualização e os mecanismos
massivos
A problemática da individualização em suas relações
com os processos midiáticos, considerando especialmente
as transformações dos meios, como sugere Miège, é colocada
por vários autores do campo epistemológico da comunicação
(Wolton, Flichy, Castells, entre outros). O termo tem suas difi-
culdades conceituais. O que é individualização? O capitalismo é,
já no trânsito do artesanato à indústria, passando pela manu-
fatura, a subtração de todas as forças individuais e criativas do
artesão, e a objetivação emmeios de produção de processos que
antes lhe pertenciam – numa espécie de autogoverno, cogestão
e mérito que se instalavam nas corporações de ofício e na oficina
medieval. Paradoxalmente, o modo de produção capitalista de-
clara, apesar de uma superestrutura que monopoliza os meios
de produção e, ao mesmo tempo, privatiza o capital social, que é
um regime da liberdade individual. Isso já foi bem tratado pela
crítica marxista clássica. Liberdade formal em contradição arti-
culada com a dominação real, realizada na esfera das relações
sociais de produção fundadas no trabalho assalariado. Nesse
sentido, o indivíduo é uma ficção (e, aí, a crítica à filosofia do
contrato social).
A primeira questão que emerge nesta perspectiva crí-
tica é: estaríamos vivendo uma recuperação do indivíduo – por
sinal, nunca existente? Ou de indivíduos livremente associa-
dos, utopia marxista atualizada na ideia de inteligência cole-
tiva? Os autores citados são cuidadosos. Em geral, dialogam a
proposta de que estamos vivendo novos formatos de cultura de