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Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo

de digitalização, analisando as estreitas relações entre o social, o

religioso e a técnica, marcadamente em plataformas sociodigitais.

Em seguida, a partir de um caso empírico de circulação de elemen-

tos do catolicismo em plataformas sociodigitais, apresentamos al-

gumas inferências sobre o papel dos “amadores” e de suas ações

de reconexão, naquilo que chamamos de dispositivos conexiais, ou

seja, uma sócio-tecno-simbolicidade comunicacional especifica-

mente contemporânea. Por fim, concluímos que surge uma nova

organização religiosa a partir das redes comunicacionais que se

constituem em plataformas sociodigitais, o que aponta para uma

autonomização crescente dos indivíduos religiosos perante as prá-

ticas e as identidades religiosas.

2 Estratégias e ações, usos e práticas: as relações

comunicacionais entre o social, o religioso e a

técnica

Para compreender o fenômeno da circulação do “católico”

nas plataformas sociodigitais, recorremos a Bernard Miège em sua

definição de

mídia

, conceito que irá, também, permear sua defini-

ção do fenômeno da midiatização, ambos bastante caros ao nosso

interesse de pesquisa. Segundo o autor, as mídias não são enten-

didas apenas como aparatos tecnológicos, mas sim como “

dispo-

sitivos sociotécnicos

e

sociossimbólicos

, baseados cada vez mais no

conjunto de técnicas (e não mais em uma única técnica, como an-

tigamente)” (MIÈGE, 2009, p. 110). Nesse contexto, as tecnologias

da informação e da comunicação propriamente ditas são apenas a

“base material das mídias” (MIÈGE, 2009, p. 111). As mídias, por-

tanto, são dispositivos

técnicos

que ganham sentido

a partir dos

usos e práticas sociais

. São

interfaces sociotécnicas

que passam a es-

tabelecer redes complexas de circulação comunicacional.

Nesse contexto, a midiatização pode ser entendida como

uma “ação das mídias”, pois aponta para “os fenômenos midiati-

zados pelo intermédio não das numerosas instâncias de media-

ção social, mas pelo intermédio de mídias no sentido específico

do conceito” (MIÈGE, 2009, p. 83). A midiatização revela aquilo

que, “nas relações interindividuais e mesmo intergrupais ou in-