Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo
progressivamente a ética e a política a
instrumen-
tos de espetáculo
. A situação extrema a que podem
conduzir estes riscos é à chamada
cultura do efê-
mero
, do
imediato
, da
aparência
, ou uma sociedade
privada de memória e de futuro
. Num semelhante
contexto, é pedida aos cristãos a audácia de fre-
quentar estes “novos areópagos”, aprendendo a
dar uma valorização evangélica, encontrando os
instrumentos e os métodos para tornar audível
também nestes lugares hodiernos o patrimônio
educativo e de sapiência conservado pela tradição
cristã (SÍNODO, 2012, s/p, grifos nossos).
A Igreja Católica, em sua especificidade, também reco-
nhece os “riscos” que elamesma, como instituição, já está correndo
com o avanço das redes comunicacionais online: individualização,
espetacularização, efemerização, etc. do religioso. Ou seja, em so-
ciedades emmidiatização, a internet passa a ser também uma am-
biência social não apenas de vivência, prática e experiência da fé,
mas também de circulação e reconstrução dos sentidos religiosos.
Em plataformas sociodigitais como Facebook, Twitter,
Instagram, etc., ambientes online de sociabilidade, manifestam-se
“pontos” de interação e de intensas trocas comunicacionais, atem-
porais e aespaciais, entre internautas. Nesses ambientes, há inúme-
ros sentidos religiosos em circulação, por meio de certas lógicas e
regularidades. A sociedade em geral, nos mais diversos âmbitos da
internet,
fala sobre
o “religioso” – neste caso, sobre o “católico”, ou
seja, construtos simbólicos que a sociedade como um todo consi-
dera como vinculados ou relacionados à prática e à identidade da
Igreja Católica. Assim, ressignificam-se socialmente a experiência,
a identidade, o imaginário, a doutrina, a tradição religiosas católi-
cas via mídias.
Aqui, para além de uma possível experiência religiosa na
internet, portanto, interroga-nos a
experimentação religiosa
feita
em rede. Para além do caráter privado da fé online, interroga-nos
o
specto público
do fenômeno religioso em suas manifestações
comunicacionais digitais. Para além de uma prática ritual de fé, in-
terroga-nos a construção de uma
prática sociocomunicacional so-
bre a religião
. Neste artigo, a partir das contribuições de Bernard
Miège, refletiremos sobre as inovações sociotécnicas em tempos