Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo
dosa desta questão não seria possível aqui. Tal lista passa pelas
tendências utópicas de Pierre Lévy (1997) sobre o ciberespaço,
pela audaciosa visão de um novo “ecossistema econômico” de
Rosnay e Revelli (2006), até o euforismo consumista de Jenkins
(2008) com sua “cultura da convergência”. O que podemos per-
ceber em comum nestes trabalhos é a consideração da técnica
como o motor capaz de instituir propósitos sociais conciliadores
e revolucionários que se mostrarão maduros em um dado mo-
mento do futuro.
Bem-vindos à cultura da convergência, onde ve-
lhas e novas mídias colidem, onde a mídia cor-
porativa e a mídia alternativa se cruzam, onde o
poder do produto e o poder do consumidor intera-
gem de maneiras imprevisíveis. A cultura da con-
vergência é o futuro, mas está sendo moldada hoje.
Os consumidores terão mais poder na cultura da
convergência – mas somente se reconhecerem e
utilizarem esse poder tanto como consumidores
quanto como cidadãos, como plenos participantes
de nossa cultura (JENKINS, 2008, p. 328).
É interessante notar que, mesmo que o choque com a
realidade dura possa abalar algumas destas previsões, outras
surgem em seu lugar, e o discurso tecnicista ganha fôlego no-
vamente com a ajuda de tecnólogos, marqueteiros, jornalistas,
engenheiros de hardware e software, empresários, economistas,
governos e uma parte sempre atenta de usuários avançados que
acreditam e incitam à atividade individual de interação em rede
e de produção de conteúdos, mesmo que em pequena escala.
Apesar de reconhecermos que as práticas de comunicação peer-
-to-peer realizadas através das TIC possam representar poten-
cialmente um novo tipo de construção social tentativa
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, achamos
problemático afirmar que toda comunicação midiática estaria
caminhando para a adoção deste modelo a curto ou médio pra-
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José Luiz Braga (2010, p. 1) caracteriza os fenômenos comunicacionais como
tentativos: “[...] desenvolve a proposição de que o caráter tentativo se manifesta
na probabilidade variável de atingimento de objetivos comunicacionais; e em
graus de imprecisão do próprio processo. Relaciona estas características tanto
aos processos dos participantes quanto aos dispositivos interacionais social-
mente produzidos.”