

Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo
“comunidades virtuais” que, via de regra, não têm um fim social
stricto sensu,
mas estão constituídas em torno de alguns interes-
ses de grupo. Questionamo-nos: quais seriam os aspectos sociais
de redes de relacionamento como Facebook, Twitter, Flickr,
Myspace, Orkut, etc.? Não obstante, alguns autores utopistas,
como Pierre Lévy (2002), Jenkins (2008), Rosnay e Revelli
(2006), Cloutier (1975), Cartier (1999) e outros, anteciparam
usos que raramente se confirmam. O que realmente vemos nes-
tes tipos de dispositivos são usuários mais avançados, encanta-
dos com a técnica, que formam grupos de interesse em torno de
um tema. Neste cenário, recrutam um bom número de usuários
secundários que se mantêm atrelados a uma rede alimentada
com conteúdos gerados pelos primeiros. Segundo Valdettaro
(2009, p. 6):
“Las ‘r des sociales’ como Facebook, por eje plo, son
más comunidades de ‘amigos’ ensambladas por ‘afinidades’ esti-
lísticas que ‘redes sociales’ en sentido estricto”
.
Um conhecido estudo realizado por Mikolaj Jan
Piskorski, professor da Harvard Business School, divulgado em
um artigo do
The Economist
em 30 de janeiro de 2010, feito com
mais de 300 mil usuários do Twitter examinados em maio de
2009, apontou como resultado que mais da metade das pessoas
pesquisadas “twittou” menos de uma vez a cada 74 dias e que
10% dos twitteiros postavam cerca de 90% dos tweets. Outro
estudo citado no mesmo artigo, realizado em junho de 2009 pela
Sysomos Inc., uma das principais empresas do mundo no setor
de análise da comunicação social contemporânea e da forma de
utilização pelos usuários, investigou 11,5 milhões de contas no
Twitter. Alguns dos resultados apontados revelam questões in-
teressantes: 85,3% de todos os usuários do Twitter postam me-
nos de uma atualização por dia, e 21% dos usuários nunca pos-
taram. A grande maioria dos usuários, 93,6%, têmmenos de 100
seguidores, enquanto que 92,4% seguemmenos de 100 pessoas.
Ao analisarmos estes dados, percebemos o quanto uma
cultura de participação democrática direta ainda está longe de
ser uma realidade concreta. Mesmo diante das possibilidades
de produzir e compartilhar conhecimento e informações pro-
porcionadas pela chamada Web 2.0, parece que a maioria dos
internautas prefere uma atitude passiva e delega a alguns ato-