Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo
tais distribuídos em redes técnicas, principalmente a Internet.
O objetivo principal seria uma total sinergia entre os setores in-
dustriais que garantiriam a padronização do processo produtivo
e dos atores sociais que usufruiriam da comodidade de ter seus
conteúdos preferidos disponíveis em multiplataformas de ma-
neira fácil e barata. Entretanto, a convergência, na concepção de
Miège, é uma construção social, que não teria origem no desen-
volvimento tecnológico autônomo, mas sua realização estaria
relacionada às disputas de diversas categorias de atores sociais.
A convergência realizada, portanto, não é a mesma que
é postulada. Esta articulação entre os atores estratégicos fre-
quentemente se faz de maneira conflituosa, na qual o setor mer-
cantil tem papel protagonista. De forma geral, a comunicação
midiática depende de um mercado tripartido entre: 1. Indústria
de redes de comunicação; 2. Indústria de materiais que fabrica
os aparelhos e 3. Indústria de conteúdos. Na outra ponta, estão
os usuários interessados na qualidade, regularidade, credibili-
dade e gratuidade dos conteúdos, estabilidade e continuidade
das redes e eficiência dos aparelhos. “Mesmo sendo tecnicamen-
te possível, a convergência dos sistemas de comunicação não se
realizará sem vontade política e econômica, sem quadro jurídico
e regulamentar apropriado e sem uma certa aceitação dos usuá-
rios...” (MIÈGE, 2009, p. 37).
Para compreender melhor como funciona o proces-
so de convergência, analisamos as páginas do Facebook e do
Twitter da National Geographic Society (objeto empírico de nos-
sa dissertação de mestrado), que, como já dito anteriormente,
configura-se como importante grupo de comunicação que con-
trola um sistema de múltiplas mídias, vasta produção de conteú-
do, o qual, segundo o
website
oficial
5
norte-americano, alcança
uma média de 325 milhões de pessoas por mês.
A partir da Figura 1, podemos perceber algumas mar-
cas interessantes, como os 11 milhões que “curtiram os conteú-
dos da página”, ou seja, um número grande de pessoas, porém
uma fatia pouco expressiva dos 325 milhões de pessoas que
acessam as diversas mídias do grupo mensalmente; mesmo as-
5
Disponível em: <http://press.nationalgeographic.com/pressroom/index.js
p?pageID=factSheets_detail&siteID=1&cid=1225283738357>. Acesso em: 12
out. 2012.