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Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo

ciadas são vistas como inelutáveis; 3º, a convergência, que visa

articular as indústrias de redes, de materiais e conteúdo, não

somente se apresenta segundo configurações variáveis há duas

décadas, mas é sobretudo um “construto social” em vias de rea-

lização que, em torno de bases tecnológicas evolutivas, dá lugar

a conflitos estratégicos reais, frequentemente agudos, entre os

protagonistas: atores “maiores” (industriais, países dominantes,

organizações internacionais) e os usuários-consumidores (inte-

ressados, por exemplo, na gratuidade – parcial – dos produtos);

e 4º, o recurso a uma profecia autorrealizável que carrega a con-

vicção da parte ativa dos usuários, que, a cada etapa ou promo-

ção de uma nova ferramenta, enuncia-se em um forte estímulo à

atividade individual

Miège , ao refletir sobre as marcas desse discurso, en-

tende que o conhecimento das evoluções contemporâneas ga-

nha muito em identificar claramente o que diferencia os concei-

tos evocados (inovação, mutação, mudança e aperfeiçoamento)

e em situar cada um em seu lugar. Para ficar na inovação, é ade-

quado, por um lado, não colocar no mesmo plano as inovações

de ruptura (qualificadas de radicais, ou paradigmáticas, por al-

guns autores) e as inovações de produtos (que são centrais nas

ciências da gestão ou na microeconomia).São as inovações de

ruptura que interessam mais diretamente à pesquisa em infor-

mação-comunicação, e efetivamente as TICs. Convêm subsumir

a emergência e depois o desenvolvimento das TICs tanto as de-

terminações técnicas (uma vez que apenas algumas podem ser

qualificadas de inovações) quanto o certo número de processos

que concorrem para a sua ancoragem social.

Por isso, é preciso pensar a complementaridade das

ferramentas de comunicação numa sociedade como a nossa, que

é ao mesmo tempo individualista e de massa e onde a comuni-

cação midiatizada é sustentada tanto pelas formas emergentes

quanto por aquelas tradicionais e já implantadas com sucesso.

A midiatização da comunicação é um dos pontos das inovações

sociotécnicas das TICs. O processo de midiatização está no cen-

tro das interrogações, mesmo quando ele não as concentra todas

em si. Olhando de perto é nesse processo que se dirigem as es-

peranças assim como os receios, as escatologias e as promessas

utópicas, como ainda as precauções e as apreciações depreciati-