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Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo

presentacional de lado e passa, ela própria, a produzir sentidos.

A partir deste momento, a mídia passa a chamar atenção muito

mais pelas formas por meio das quais trava relações com a so-

ciedade e organiza seus vínculos sociais do que propriamente

pelo trabalho de representação social. São características desse

momento, o comportamento cada vez mais autorreferencial da

mídia e o início de uma crescente autonomia dos campos sociais,

que passam, a partir dos processos midiáticos, a produzir a sua

própria visibilidade.

A intensificação da presença da mídia na sociedade e

as transformações em seu modo de funcionamento se comple-

xificam ainda mais com a popularização da internet em mea-

dos dos anos 90. Esse fenômeno contribuiu para a consolidação

do processo de convergência dos meios (JENKINS, 2009), que

passaram a operar cada vez mais integrados, gerando um novo

espaço de sentidos que Gomes (2006) define como ambiência

midiática. Neste espaço, os discursos sociais produzidos pela

mídia, pelas instituições e pelos atores sociais (VERÓN, 1997)

geram uma cadeia de afetações com amplas influências no teci-

do social, que são intensificadas pelas novas condições de circu-

lação que emergem com a rede mundial de computadores. Mais

tarde, emmeados dos anos 2000, com o surgimento da

Web

2.0

3

,

que possibilitou a qualquer pessoa gerar conteúdos em função

de sua estrutura técnico-operacional mais amigável, milhares de

pessoas passam a ter voz no campo midiático.

Os efeitos do processo de midiatização decorrentes da

força da mídia na sociedade atingem vários domínios institucio-

nais, e nesse amplo espectro duas questões merecem um desta-

que especial. A primeira diz respeito ao enfraquecimento e des-

locamento do papel da mídia, que atualmente não é mais a única

produtora e distribuidora de discursos sociais; cada vez mais

outros campos sociais, a partir das lógicas da mídia, visibilizam

suas demandas de sentido por conta própria. A segunda questão

diz respeito ao deslocamento do receptor para o nicho da pro-

dução e distribuição de discursos na sociedade, passando de um

papel que foi considerado por muitos estudiosos como passivo,

3

“Web 2.0, termo cunhado por Tim O’Reilly para designar [...] o conteúdo gerado

pelo usuário ou conteúdo moderado pelo usuário, e também para se referir a

novos tipos de empresas que utilizam as redes sociais” (JENKINS, 2009, p. 388).