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Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo

desafio aos pesquisadores de Comunicação. Para Miegè (2009)

é preciso muita atenção para evitar nos trabalhos da área o dis-

curso do tecnodeterminismo. Segundo o autor, esse discurso

“sedutor” e pregnante precisa ser evitado, para fugir dos riscos

que esse tipo de afirmação pode trazer. O papel da técnica, mui-

tas vezes, causa problemas no vasto setor da comunicação/in-

formação. Em alguns casos, ela é essencializada e tida como a

única origem das mudanças, mutações e inovações, já em outros,

é dissimulada e ignorada.

Diante desse panorama, o autor aponta que o olhar so-

bre as Tecnologias de Informação e Comunicação, alémde outras

técnicas emergentes, tem apresentado uma separação muito tê-

nue entre o técnico e o social, pelo fato de ambos estarem ligados

através de inúmeras mediações. Por isso, o pesquisador nos con-

vida a dialogar sobre o qualificativo sociotécnico para pensar as

ferramentas, os dispositivos e serviços associados, assim como o

processo de inovação em si, na relação com os sujeitos. Segundo

o professor, as TICs são a base tecnomaterial da mídia. Essas téc-

nicas de relacionamento e inscrição nos suportes trazem uma

percepção da realidade em que há uma mistura entre o que se

produz, como se produz e quem produz. O desenvolvimento das

TICs estudado por Miège é um fenômeno de inovação, ligado às

modificações das práticas de trabalho, que foram percebidas a

partir da televisão e de suas formas de recepção que foram se

complexificando com a presença cada vez mais constante da in-

teratividade, que vem ampliando não apenas as possibilidades

de interação. A chegada à maturidade das TICs é acompanhada por

uma floração de discursos sociais e de concepções. Esses dis-

cursos, frequentemente, têm uma natureza tecnodeterminista,

que confunde e obscurece as questões diversas e complexas que

são acionadas a partir das TICs. Nos discursos sociais sobre as

TICs, há a promoção de um discurso que não é sedutor, mas se-

duz. Segundo Miège (2009), quatro traços principais caracteri-

zam esses discursos: 1º, a antecipação permanente dos usos (as

previsões sendo muito raramente confirmadas); 2º, a afirmação

constante de prevalência da ordem da técnica e a afetação a esta

de tendências e de movimentos que pertencem ao social (em

suas diferentes dimensões), de modo que as evoluções enun-