Redes digitais: um mundo para os amadores.
Novas relações entre mediadores,
mediações e midiatizações
É interessante observar que até 2008 não há um gran-
de volume de produção científica brasileira sobre fãs, porém nos
últimos anos mais desses estudos estão sendo realizados. Uma
das causas possíveis disso é a publicação no Brasil, em 2008, do
livro
Cultura da Convergência
, de Henry Jenkins, considerado o
principal teórico sobre fãs ao redor do mundo
(BIELBY; HAR-
RINGTON, 2007). A obra, embora não seja focada especifica-
mente em fãs, reflete sobre o atual contexto midiático, no qual
se percebem audiências ativas e consumidores participativos,
envolvidos em discussões sobre mídias digitais e convergên-
cia das mídias. De qualquer forma, ao descrever o papel dos
fãs nesse panorama, a obra contribuiu para que se
pudessem
perceber os fãs por um viés acadêmico no país.
É inegável que a publicação do livro de Henry Jenkins
no Brasil – publicado originalmente em inglês em 2006 – pro-
piciou uma retomada das discussões sobre a temática, uma vez
que a obra foi intensamente utilizada em cursos de graduação
e pós-graduação brasileiros, sendo incorporada à bibliografia
básica de muitos cursos. A noção de que a pesquisa de fãs faz
parte do campo da comunicação ganha uma legitimidade por
parte de muitos autores que desconheciam a área. Um outro
indicativo importante sobre o tema é demonstrar a carência de
publicações em português – as especificidades e comparações
dos estudos sobre os fãs brasileiros e suas relações com a mídia
também carecem de maior aprofundamento. O primeiro livro de
Jenkins,
Textual Poachers
, de 1992, só foi lançado no Brasil em
2015 sob o título de
Invasores de Texto
. A obra conta com um
prefácio escrito pela pesquisadora Raquel Recuero, que atualiza
a importância histórica da obra e fala sobre os estudos de fãs no
contexto brasileiro.
De forma geral, a “cultura participativa” é uma das pala-
vras quemais aparecemnos títulos, resumos e palavras-chave dos
19 trabalhos aqui analisados, juntamente com ideias correlatas,
como: participação, engajamento/mobilização, interação, proces-
sos colaborativos/colaboração/colaboratividade e convergência.
Só como palavra-chave, há cinco trabalhos que a apresentam, e
um traz “cultura participatória”, totalizando seis. Em seu trabalho,
Lucio Luiz (2009, p. 1) explica o porquê da distinção: