

Redes digitais: um mundo para os amadores.
Novas relações entre mediadores,
mediações e midiatizações
interação social e de construção de sentido sobre o “religioso” em
rede, por parte de indivíduos, grupos e instituições religiosos. Nas
interações sociais digitalmente mediadas, manifestam-se lógicas
e dinâmicas midiatizadas, por meio das quais crenças e práticas
religiosas são ressignificadas para novas linguagens e dispositi-
vos (SBARDELOTTO, 2012). Em plataformas como o Facebook,
instituições eclesiásticas, corporações midiáticas e a sociedade
em geral constroem sentido sobre o “religioso” e o fazem circular
comunicacionalmente mediante a publicização midiática de seus
próprios construtos (imagens, textos, vídeos, etc.).
Neste artigo, a partir de usos e práticas religiosas do
Facebook, analisa-se o contexto da midiatização digital, me-
diante as relações entre tecnologias digitais e a sua apropriação
comunicacional por parte de indivíduos, grupos e instituições
religiosas, neste caso vinculados ao catolicismo
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, para a constru-
ção autônoma e pública de sentido. Em seguida, reflete-se sobre
a cultura do “leigo-amador” e o fenômeno religioso, em novas
modalidades de prática religiosa em rede, a partir das contri-
buições de Flichy (2010). Depois, examina-se a circulação de
construtos sobre o catolicismo e sua reconstrução em páginas
do Facebook, nas quais se manifesta a experimentação religio-
sa em rede por parte de indivíduos e grupos sociais que dizem
o “religioso” midiaticamente para a sociedade em geral. Como
pistas de conclusão, propõe-se que os leigos-amadores são parte
central do dispositivo de comunicação contemporâneo, e é por
meio deles que se desencadeiam novos fluxos de circulação mi-
diática, que ultrapassam os limites hierárquicos da instituição
eclesiástica, para a construção social do “católico”.
2 O contexto da midiatização digital:
autonomização e publicização de sentidos
Falar em midiatização digital é abordar uma especifici-
dade (“digital”) de umprocessomais amplo (“midiatização”). Em
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O interesse pelo “católico” se deve à relevância sócio-histórico-cultural da Igreja
Católica, especialmente no Brasil. Segundo o IBGE, embora com uma queda mar-
cante desde o século XIX, os católicos ainda são a maioria religiosa do país, com
64,6% da população. Dados disponíveis em: <http://migre.me/ddYsQ>.