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Redes digitais: um mundo para os amadores. Novas relações entre mediadores, mediações e midiatizações

e gerenciamento de bancos de dados, mas como dispositivo ca-

paz de conectar pessoas e saberes em redes. A partir do projeto

ARPANET e das primeiras tentativas de computação cooperativa

surgidas no MIT, a noção de “inteligência coletiva” estava lan-

çada. A partir daí, tem sido levada adiante por atores de dife-

rentes setores com projetos de desenvolvimento experimental.

Algumas destas “utopias projetos” tiveram êxito, como o caso da

internet comercial. Outras tantas ainda mantêm suas caracterís-

ticas de experimento, como é o caso de uma democracia de cida-

dãos conectados. O que é mais importante, como lembra Flichy

(2001), é que o imaginário relacionado à internet tem caracte-

rísticas globais.

Talvez por isto, poderíamos dizer que as manifestações

no Brasil, salvo suas particularidades, são convergentes a uma

onda de protestos que vêm ocorrendo no mundo todo pelo me-

nos desde a década de 1990, como se viu nas manifestações con-

tra o encontro da Organização Mundial do Comércio (OMC) em

Seattle no ano de 1999, nos “Indignados” da Europa (Espanha,

Grécia, Portugal e Itália) em 2011, no Occupy Wall Street, em

2011, e muitos outros. Todos estes movimentos, apesar da he-

terogeneidade geográfica, parecem compartilhar um imaginário

comum e apresentar características semelhantes: mobilização

nas redes digitais por causas sociais concretas mesmo que di-

ferentes entre si, manifestações convocadas pela internet, des-

crédito nas soluções apresentadas pelas formas de represen-

tatividade política tradicional e a descentralização das pautas

reivindicatórias.

Nesta perspectiva, as três formas do agir político atra-

vés das TIC encontradas nos materiais analisados nos levam a

inferir que emergiu o discurso da “experimentação” de um tipo

diferente de cidadania política. A tecnologia é apresentada como

a base de um novo funcionamento social, no qual os diversos

atores teriam a possibilidade de participação direta nos proces-

sos políticos. O uso das redes sociais e de plataformas de com-

partilhamento serviu para a disseminação das ideias dos pro-

testos, com o intuito de mobilizar mais cidadãos a aderirem às

causas propostas (ainda que estas tenham se apresentado difu-

sas). Já em ações como a do Mídia Ninja, o uso das TIC levam à

experimentação de novas formas de apropriação dos meios de