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Redes digitais: um mundo para os amadores.

Novas relações entre mediadores,

mediações e midiatizações

publicação,

Spocknalia

, obedecia a uma economia colaborativa

mantida entre os fãs à base de contribuições e trocas.

Por outro lado, a verdade é que o termo fã remete sem-

pre ao conjunto de outros fãs que se articulam sobre o mesmo

objeto de culto, o que no jargão dos grupos é chamado de

fan-

dom

3

.

O termo é usado frequentemente para diferenciar a admi-

ração por produtos distintos – por exemplo, o

fandom

de Harry

Potter e o

fandom

de Star Trek. A adesão a esses coletivos des-

centralizados é voluntária, entretanto há diferentes graus de re-

conhecimento nas comunidades. Portanto, o mesmo fã poderá

participar de mais de um

fandom

simultaneamente.

Jenkins (ibid., p. 77) avaliará a prática, pelo menos par-

cialmente, como necessidade de interação entre fãs, numa dinâ-

mica em que o coletivo integra a função de identificação entre

eles. A contribuição de Patrice Flichy é igualmente relevante.

Embora dedique atenção especial aos fenômenos contemporâ-

neos, ele aponta (2010, p. 13) que o

amador,

quando cria, o faz

pensando menos no potencial artístico do artigo elaborado do

que considerando a possibilidade de entretenimento ou mesmo

identificação. Tanto em relação a pesquisas estadunidenses (BLACK,

2006) como em exemplos verificados em sites brasileiros – que

discutiremos a seguir – nota-se a inclinação colaborativa tecida

entre fãs nos seus espaços de interação em rede. Essa articula-

ção supera aquela estabelecida em torno de Star Trek, pois o

relacionamento via Tecnologias da Informação e Comunicação

(TICs) reduz o intervalo entre os enunciados dos participantes,

permitindo que o

fandom

não apenas remeta material para di-

vulgação, mas também o comente, seja com críticas, elogios ou

sugestões. Aí se encontra o ponto-chave tensionado pelas pes-

quisas de Educação que se interessam pelo tema, da qual Black

é um expoente. A formação juvenil em rede, principalmente ali-

nhada a um

fandom

, proporcionaria complementaridade àque-

la do ambiente escolar. É necessário ressaltar, entretanto, que

esses núcleos de afinidade cultural precisam estabilizar-se no

tempo, o que à época das

fanzines

de Star Trek era problemático,

3

Composição entre os termos

fan

e

kingdom

(ou

domain

), de língua inglesa, que

caracterizam certo “domínio de fãs”.