Redes digitais: um mundo para os amadores.
Novas relações entre mediadores,
mediações e midiatizações
quele possibilitado pelo desenvolvimento da escrita com relação
à referência oral que a antecedeu (GOMES, 2008).
Na experiência cultural a mudança não é menos visí-
vel. A esfera de consumo alimentada por Harry Potter pode ser
caracterizada como um desses fenômenos característicos da
modernidade sociotécnica. Enquanto amplamente divulgada e
interpretada, uma parte dos espectadores e leitores contribuirá
para estender o raio de influência da narrativa. Cabe a este estu-
do analisar as relações que estas práticas mantêm na
web
que se
diferenciam dos registros anteriores, interpretados por Henry
Jenkins (1992), e como se configuram. Não menos importante
é a alteração no papel das “indústrias de conteúdo” que veem
a centralidade de que gozavam numa sociedade orientada por
meios de comunicação de massa ser tensionada pelas demandas
dos consumidores que se familiarizaram com as mídias digitais,
mais horizontais. Isto é, os modelos produtivos passam a convi-
ver com gramáticas provenientes da maior projeção dos recep-
tores na cadeia enunciativa.
Ainda hoje podemos observar a influência de Harry
Potter nos discursos proferidos em ambientes de convivência
coletiva. A narrativa original concluiu seu arco no cinema em
2011, mas os admiradores driblam essa orfandade de sentidos
com emissões oriundas dos grupos de aficionados, dos fãs, for-
temente articulados por dispositivos comunicacionais. O esforço
de nossa tarefa se vincula ao conceito de
midiatização
, que pre-
tende dar conta dos novos processos sociais que se tornam refe-
rência com a evolução tecnológica e sua contrapartida social. A
perspectiva fortalecida nesse posicionamento é de análises so-
bre a circulação das narrativas nas redes de comunicação, nes-
te caso
online
. Aqui, destarte, associamos a visada a referências
históricas e técnicas.
2 Evolução da cultura dos fãs
Seria difícil separar a circulação de sentidos de Harry
Potter das ações empreendidas por apreciadores que se dedi-
cam à reinterpretação da obra. Há de se ter cuidado ao referir-se
a eles como “especialistas”, pois sua especialização é estrutura-
da segundo critérios do grupo de fãs a que se associam. De todo