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A cidade conta, no começo de 2017, com duas estações
7
de reciclagem de entulho
(ERE) já mencionadas
–
da BR-040 (ver Figura 7) e da Pampulha; uma terceira, que foi
inaugurada em 1995 no bairro Estoril, tendo sido desativada em 2009 devido a pressões da
vizinhança -, e um aterro de inertes (bota-fora privado), licenciado ambientalmente em
setembro de 2016. A ERE do bairro Estoril, embora não britasse mais a partir de seu
fechamento, continuou recebendo RCD como transbordo.
As duas ERE, com capacidade nominal de respectivamente 50 e 30 toneladas/hora,
operam com restrições, de modo que nos últimos anos sua produção ficou bem aquém do que
poderia ter sido colocado no mercado, conforme se vê na Tabela 1, abaixo. De modo geral, a
própria prefeitura absorve os materiais produzidos, em suas obras; assim, não tem sido
necessário buscar compradores “externos” que garantam o escoamento aos
materiais. Fica
evidente o enorme potencial de reciclagem na cidade, a despeito de uma prática de quase 20
anos, que ainda se mostra tímida.
Tabela
1
: produção das Estações de Reciclagem de Entulho de BH (em 1.000 t
/
ano)
Anos
J
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
BR-040
6,10 21,32 43,17 29,73 49,86 38,62 37,60 29,04 29,99 55,06
Pampulha
30,15 40,96 56,73 51,66 27,04 45,96 34,02 7,51 19,84 12,80
Estoril
27,25 29,10 33,04 23,46 59,52 17,54 31,63 9,27 -
-
Fonte: relatórios SLU (2006-2015)
Carmo, Maia e Cézar (2012) demonstraram que a maior parte dos RCD gerados na
capital mineira naquele ano era de base cerâmica, oriundos principalmente de obras de
reformas residenciais de casas, classificadas em padrão normal de acabamento. Indicaram
recomendações aplicáveis tanto às usinas de reciclagem como ao sistema de gerenciamento de
resíduos visando a minimizar a grande variabilidade dos agregados reciclados. Angulo
et al.
(2011) apontam que é muito complicado quantificar a geração de resíduos para as reformas e
a adoção de métodos diretos e indiretos para quantificação de forma conjunta se mostram
bons indicadores para estas e para obras em execução.
Identificação e caracterização dos agentes envolvidos na gestão dos RCD
Com o intuito de coletar e aprofundar informações, foram realizadas de meados de
2013 até o final de 2015, visitas
in loco
e com registro fotográfico a diversos agentes da
gestão de RCD, como construtoras, canteiros de obras, ATT (áreas de transbordo e triagem),
botas-fora e
a empresas de transporte (popularmente conhecidos como “
caçambeiros
”)
, além
de áreas públicas de gerenciamento como algumas das URPV e uma das ERE. A Figura 8
sintetiza e esclarece os procedimentos metodológicos utilizados para identificar e caracterizar
os principais agentes envolvidos nesse processo.
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Estas estações apresentam grande variabilidade nas condições de funcionamento por razões operacionais (má
qualidade do entulho, muito misturado com outros materiais e contaminado, a ser reciclado; interrupções longas
e frequentes devido a problemas de operação e de manutenção; defeitos, quebras
etc
) e administrativas
(dificuldades e demora para reposição de peças
etc
), além de impactos ambientais. Em finais de 2014, falava-se
em terceirizar este serviço, usando as instalações já existentes (comunicação pessoal, SLU 2014), o que não
aconteceu até o começo de 2017. Imagina-se que, com a mudança da administração municipal a partir das
eleições de outubro de 2016, outras definições sobre a gestão dos RS serão adotadas ao longo do novo mandato.
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