Table of Contents Table of Contents
Previous Page  18 / 282 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 18 / 282 Next Page
Page Background

Midiatização e redes digitais: os usos e as apropriações entre a dádiva e os mercados

Abstract:

In this article I reflect on the studies on reception that

I have been developing. I start with a brief comment on my re-

search history, which is related to reception. I then discuss the

three first generations of works on reception. Afterwards I intro-

duce in a prospective way a fourth research generation, which is

connected to the emergence of the internet, and conclude with a

debate on the future of reception studies. In this reflection pro-

cess I try to identify the epistemological and methodological is-

sues at stake.

Keywords:

reception, prospection, internet, epistemology,

methodology.

Articulações epistemológicas: entre a recepção e

os usos

3

Começo falando sobre meu itinerário de pesquisador,

do ponto de vista da pesquisa em recepção. Entre 1980 e 1990,

dediquei-me a investigar usos da microinformática e a vida co-

tidiana, de forma prospectiva. Na década de 90, dediquei-me,

mais

especificamente, à recepção da televisão local. E, mais ou

menos a partir dos anos 2000 até agora, à televisão global. Nos

últimos anos, voltei a esta questão dos usos, da participação, in-

teressando-me particularmente por essa questão da cultura no

meio digital, em específico questões sobre o

software

livre, na

perspectiva do problema da contribuição (tema de minhas re-

flexões atuais).

A primeira experiência que desenvolvi, em 1990, quan-

do trabalhei mais precisamente sobre a recepção, foi, junto com

um grupo de estudantes, uma observação etnográfica, fazendo

uma observação de uma noite de televisão e 25 famílias. Para

mim era uma forma de me aproximar desta realidade da etno-

grafia em matéria de estudo de comunicação. O que é interes-

sante e me surpreendeu nesta primeira observação etnográfica

é a grande heterogeneidade de formas de receber a televisão. Ou

3

Essas reflexões têm como referência as perspectivas teóricas e metodológicas

da recepção no “Norte”. Não consideram as pesquisas desenvolvidas no Sul.

Certamente, se tivesse vindo ao Brasil há 20 anos, teria enriquecido muito mi-

nhas reflexões com tudo que aqui foi feito na esfera dos estudos de recepção.