Midiatização e redes digitais: os usos e as apropriações entre a dádiva e os mercados
capacidade prática de ser afetado e de produzir efeitos” (VIDAL,
apud PROULX, 2012a, p. 5, trad. nossa).
Portanto, não se trata mais de um processo histórico
em que a própria instituição eclesial dominante define institu-
cionalmente o quadro em que o agente social pode se expressar
ou resistir (como na definição das heresias e de suas consequen-
tes penalidades). Mais do que tal processo de individualização
por parte da instituição, cremos estar diante de um processo
de
subjetivação
e
autonomização
dos agentes sociais (PROULX,
2012b) mediante a produção pública de uma palavra autônoma
sobre o “católico”, graças a práticas de resistência e de afirma-
ção, inclusive por parte dos “sem voz”, dos “sem parte”, dos “su-
balternos”, das “periferias” sociais e eclesiais.
A circulação sociodigital, em suma, permite a visualiza-
ção da construção do “texto midiático”, ou seja, da totalidade feno-
menológica dos processos de comunicação em rede, das comple-
xas relações entre os indivíduos conectados, os coletivos de agen-
tes sociais em rede, os conteúdos, discursos e símbolos produzidos
e compartilhados, os protocolos e interfaces, que demandammais
do que uma análise meramente tecnológica ou computacional das
chamadas “redes sociais”, mas também a compreensão dos seus
complexos modos de apropriação pela sociedade. E a interface re-
ligiosa é um âmbito privilegiado para a análise desses processos.
Referências
AGAMBEN, Giorgio. O que é um dispositivo?
Outra Travessia
,
Florianópolis, n. 5, p. 9-16, 2005. Disponível em <http://
migre.me/dhjAU>.
BRAGA, José Luiz. Circuitos versus Campos Sociais. In: MATTOS,
Maria Ângela; JANOTTI JUNIOR, Jeder; JACKS, Nilda
(orgs.).
Mediação e midiatização
. Salvador: EDUFBA,
2012. p. 31-52.
BRAGA, José Luiz. O que a comunicação transforma? In: BRAGA,
J. L. et al. (orgs.).
Dez perguntas para a produção de co-
nhecimento em comunicação
. São Leopoldo: Unisinos,
2013. p. 156-171.