Midiatização e redes digitais: os usos e as apropriações entre a dádiva e os mercados
sultados não temos aqui, leva-nos a inferir que se destaca sobre
todas as demais conjecturas. Sempre que perguntamos por que
os participantes contribuíam, as justificativas sempre tutelavam
o dízimo e as ofertas, porque este patrocínio é o que mantinha
a igreja na sua missão. O fiel doa porque acredita que tal atitu-
de é correta. Se no futuro ele vier a contestar, já é tarde, pois já
o fez. Poderíamos indagar até onde a doação está vinculada ao
pertencimento social; o que de fato estamos consumindo hoje
nas igrejas e quais as competências que os religiosos profissio-
nais estão usando para fomentar tais trocas e levar o fiel a agir.
Também podemos perguntar se haveria uma igreja sem contri-
buição financeira ou algum tipo de comércio nos dias de hoje.
Entendemos que isso é assunto para muitas páginas e pesquisas
de campo, entrevistas e uma metodologia para se chegar aos re-
sultados, mas não deixa de ser um assunto instigante, e quem
sabe num próximo momento nos aventuremos a procurar tais
respostas. Concluímos que, independentemente das formas e dos
meios, o comunicacional está por trás das relações sociais. E é
por conteúdo simbólico que as pessoas são motivadas a trocar e
a se doar. Não blindamos o texto com situações pontuais fecha-
das, propositadamente, por ser um assunto delicado. Doravante,
é impossível retirar das interações sociais o comunicacional sob
pena de as trocas não ocorrerem. Por essa razão, o comunicacio-
nal apresenta-se muito sutil, simulado nas interfaces. Ora, o di-
nheiro, ao nosso ver, em relação com a Igreja Mundial do Poder
de Deus e todas as demais neopentecostais, é um mediador, faz
trocas, intermedeia entre o profano e o sagrado.
Referências
BERGER, Peter L.; LUCKMANN, Thomas.
A construção social da
realidade
. 4. ed. Petrópolis: Editora Vozes, 1978.
BETH, Anno; PROSS, Harry.
Introducción a la ciencia de la co-
municación
. Barcelona: Editorial del Hombre, 1990.
BÍBLIA E HARPA CRISTÃ. Contendo o Velho e o Novo Testamento.
Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1992.