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Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo

visão cada vez mais pessoal da religião e se fabricam o seu próprio

dispositivo de sentido, às vezes sincrético, às vezes embricolagem”.

Para Miège (2012a, p. 4), “as TICs abrem a liberdade,

isto é, a tomada de iniciativa, a autonomia dos indivíduos frente

a grandes instâncias. Mas, ao mesmo tempo, ela torna difícil uma

relação com os outros. Porque ela instala os indivíduos cada um

frente às ferramentas, sem obrigatoriamente gerar sociabilidade e,

sobretudo, identidades coletivas”. Relendo Flichy, Miège (2012a, p.

6) afirma que as TICs são “a origem de um processo do movimen-

to de construção de si mesmo. De construção de si mesmo, certo.

Individual, certo. Favorecendo a autonomia também na vida par-

ticular, privada, e na vida profissional”. Embora o autor reconhe-

ça que “dizer que as tecnologias da informação e da comunicação

serão a origem da construção das identidades sociais e culturais,

políticas, dizer que os indivíduos vão se realizar por si mesmos e

nas suas relações com os outros a partir das TICs é uma hipótese

pesada” (MIÈGE, 2012a, p. 7), há indícios que apontam para isso,

mas que exigem da pesquisa uma análise detida e reflexiva.

O que vemos é que as interações em rede e as reconexões

em dispositivos conexiais manifestam que as sociedades contem-

porâneas continuam agindo político-religiosamente ao deslocar os

processos de formação das próprias autoridades e institucionali-

dades religiosas para o campo da comunicação, hoje largamente

organizado emredes comunicacionais que se constituememplata-

formas sociodigitais. Assim, mediante dispositivos conexiais e suas

reconexões, a sociedade como um todo reconstrói – trabalhando

e transformando – as relações dos sentidos sobre o “religioso” ca-

tólico. Esse cruzamento de sentidos colabora para a circulação e a

reconstrução do “católico”, fomentando o surgimento de um “novo”

catolicismo – marcadamente midiatizado.

Referências

AGAMBEN, Giorgio. O que é um dispositivo?

Outra Travessia

,

Florianópolis, n. 5, p. 9-16, 2005.

BARABÁSI, Albert-László.

Linked

: How Everything Is Connected

to Everything Else and What It Means. New York: Plume,

2003.