

Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo
Elas se modificam, mas dependem dos hábitos cul-
turais e variam em função de determinações so-
ciais e culturais próprias às classes de indivíduos.
As práticas (por exemplo, a prática cotidiana de
informação ou a prática cinematográfica ou a prá-
tica de audição musical) são multimídias e multi-
técnicas, e integram progressivamente os usos que
produzem as mutações (MIÈGE, 2012).
5 Mediações e midiatização
Quanto às múltiplas mediações imbricadas nas intera-
ções entre o social e o técnico às quais Miège se refere, é impres-
cindível citar que essas mediações não conferem neutralidade a
esses processos comunicacionais, e, no caso de CS POA, também
podemos perceber que há um entremeado de ações tecnológi-
cas imbricadas a valores de ordem social. Afinal, a mídia pode se
configurar como espaço em que, através do simbólico e do dis-
curso, ocorre a mediação do poder social (MIÈGE, 2000, p. 82).
A maior parte dos teóricos estão de acordo no que
diz respeito a considerar que os usuários desem-
penham um papel ativo na criação de novos pro-
dutos. “A análise das práticas de comunicação”,
escreve Josiane Jouèt, “mostra que a invasão da
ordem tecnológica no processo de comunicação
não exclui a parte do social no conteúdo da ação”.
No entanto, prossegue a autora, “a mediação do
objeto tecnológico não é neutra e conduz a uma
tecnologização da ação que, de fato, se localiza na
realização de todas as atividades habituais por
intermédio das tecnologias digitais. A racionali-
dade da técnica estrutura a prática que, em com-
pensação, adota os valores de eficácia do objeto”
(MIÈGE, 2000, p. 81)
8
.
O teórico francês (2000, p. 76) atenta para o fato de que,
mesmo com a ausência de uma “inter-relação,
a priori
, entre as
8
Referência a JOUET, J. Pratiques de communication: figures de la médiation
, Ré-
seaux
, CNET, n. 60, jul.-ago. 1993, CNET.